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Rio de Janeiro – Durante séculos, a humanidade bastou-se com poucos e concentrados problemas e mistérios. Não havia a tal comunicação de massa, e as coisas aconteciam anonimamente, com nenhuma ou poucas testemunhas, só as bastantes. A morte de César, a ressurreição de Cristo, a batalha das Termópilas, o herói da Maratona, a travessia do Helesponto, a conquista das Gálias, a Dieta de Worms – enfim, a história foi feita privadamente, quase solitariamente.

Hoje, tudo se torna público, tudo é oferecido em cadeia nacional ou internacional, via satélite, com patrocínio das boas drogas do ramo. A faina humana seguiu o seu curso inexorável – bem podíamos dispensar o olho da câmera devassando a intimidade das coisas e das pessoas. Excesso de informação não solicitada só consegue ser pior que a informação do excesso que não solicitamos e que mesmo assim nos servem diariamente, friamente, como alimentos eletrônicos que não matam a nossa fome, fome real e merecida.

Os entendidos garantem que a informação é a mercadoria mais valiosa do mundo moderno e uma das mais caras. Agora mesmo, na onda de violência que invadiu o Rio de Janeiro, as autoridades declaram que o importante é ter informação, o resto seria decorrência.

Acontece que as informações estão escancaradas. Sabe-se que os assaltos são comandados dos presídios, sabe-se os pontos onde são freqüentes os assaltos, sabe-se de onde vem o poder de fogo dos bandidos, não é por falta de informação que vivemos aterrorizados, mas bem informados.

Passar na Linha Vermelha ou na sua co-irmã, a Amarela, é uma temeridade. Não há carioca que não tenha essa informação, que é também uma advertência. A única informação que falta é saber onde estão os ossos de Dana de Teffé.

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