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Rio de Janeiro – Velho filme de Jerry Lewis terminava com uma cena caótica, ninguém se entendendo com ninguém, ofensas pra lá e pra cá, gente rolando no chão aos socos e pontapés, garrafas e cadeiras voando. O personagem de Jerry se arrasta até a mocinha que pretende namorar, leva-a para o carro e explica: "De uma confusão sempre se aproveita alguma coisa".

A paisagem nacional está parecendo esse filme, ou melhor, qualquer filme que tenha muita confusão. Como sempre acontece na vida real, o caos é maior do que na ficção – e mais imprevisível.

O rififi começou meses atrás, com a revelação de uma moça que se transformara em gestante por obra e graça de um senador de República. Até aí, nada demais, faz parte do plano da Criação: "crescei e multiplicai-vos". Acontece que entrou muita areia na concepção da nova cidadã brasileira: empreiteiras, bois, questões do fisco – uma embrulhada que ainda não acabou.

Mas de toda a confusão sempre se pode aproveitar alguma coisa. A foto da ex-gestante, produzida e retocada por mil avanços tecnológicos, está agora disponível não apenas para o seleto grupo dos pais da pátria mas para a plebe rude, para os adolescentes do ensino médio, para a esfomeada população dos presídios de segurança máxima. Todos poderão, por módico preço e sem necessidade de usar preservativos, deliciarem-se sem necessidade de serem submetidos à Comissão de Ética do Senado, sem contratar advogados e sem aturar a turma da imprensa que se esbofa para informar a sociedade sobre como tudo começou.

E tem mais: além de bonita, a ex-gestante é articulada, pretende escrever livros e atuar na imprensa, na TV e no rádio. Ganhamos uma profissional multimídia e muito aproveitaremos de sua experiência de vida.

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