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Rio de Janeiro – Como sempre me acontece, na hora em que abro o notebook para a crônica diária, descubro que estou sem assunto. Li os jornais de sempre. Tiro os noves fora, não desencavo um tema que valha a pena, embora não use mais pena, mas, como disse acima, um notebook de geração jovem.

Deve ser crise passageira que se prolonga há alguns anos, desde que comecei a escrever, no século passado. Especializei-me na falta de assunto, mas, pelo menos no que toca a este cantinho de página, há mais de 14 anos, sempre saem as mal traçadas e, mesmo sem assunto, escrevo sobre qualquer coisa que me dá na telha.

Falar mal de Bush, de Chávez, da Bolívia, do Lula (falar bem dá no mesmo, não mudaria Bush, Chávez, nem a Bolívia – e muito menos o Lula); o cavalo que foi trocado pelo Acre, a onda de violência que explodiu em São Paulo, espinafrar o Freud, que estaria fazendo 150 anos (nunca dei bola para ele e não daria agora), alertar sobre o excesso de otimismo em relação à Copa do Mundo que vem por aí, nada disso me emociona, são assuntos que saturam o saco de todos, embora nem todos percebam que estão com os respectivos sacos saturados.

Uso o "saturado" para evitar o "cheio". Outro dia, falei em saco cheio e fui advertido por uma leitora. Eu estava usando imagens vulgares e indignas de serem publicadas em jornal. Daí que mudei o adjetivo da expressão de óbvia vulgaridade, preservando o saco, que, no fundo, é o substantivo que importa.

Mesmo assim, nesta altura da crônica, peguei um jornal e tentei ler até o fim a notícia de uma licitação na certa catimbada, cheia de códigos legais e boas intenções. Evidentemente, encerra mutretas das mais variadas, que podem dar ou não dar bolo mais tarde, segundo o rodar da carruagem e dos instintos investigativos da turma especializada.

Taí, poderia ter encontrado um assunto, mas é tarde: o assunto e o espaço acabaram.

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