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Rio de Janeiro – Mil vezes anunciada e mil e uma vezes adiada, a reforma política parece que vai mesmo entrar em discussão. O momento que atravessamos talvez não seja o mais propício para cavar fundo no problema, a legislatura passada terminou engolfada em escândalos e a atual começa no mesmo ritmo. Mas a situação lamentável a que chegamos tem como causa, justamente, a estrutura dos atuais partidos e, sobretudo, o mar de lama que envolve as doações para os diversos candidatos: presidente da República, governadores, prefeitos e parlamentares.

Enquanto não se encontrar a forma decente e controlável para os gastos dos pretendentes aos cargos públicos, teremos a suspeita – e mais do que a suspeita, a certeza – de que rola dinheiro grosso e sujo para alimentar o espetáculo eleitoral.

Poderia citar exemplos antigos e recentes de nossa política doméstica, mas a vulnerabilidade da democracia representativa é universal e antiga. Outro dia, vi um filme na TV sobre Howard Hughes, um excêntrico que se meteu em cinema e aviação. Dono da TWA, sofria pressão da Pan American para desistir de suas linhas internacionais em favor da concorrente.

Uma comissão do Senado convocou-o para comparecer a uma espécie de CPI. O senador presidente apertou-o com truculência, Howard Hughes, que era excêntrico mesmo, retirou-se na marra, mas antes acusou o senador de ter recebido US$ 20 mil da Pan Am durante a campanha eleitoral. Vinte mil dólares naquele tempo era dinheiro.

Cito um exemplo distante para não citar os Valérios e Zuleidos da vida. Eles existem e existirão enquanto uma reforma política não acabar com a pulverização partidária e com os gastos das campanhas que transformam cada eleição em potenciais casos de polícia.

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