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Quando Rubem Braga voltou do giro de algumas semanas em terras estranhas, constatou que a única novidade que encontrou no Brasil foi o Hollywood com filtro. Nem isso encontrei de novo por aqui, após um mês de andanças por aí. E durante estes 30 dias, a única notícia que tive da amada pátria gentil foi a da chacina de 40 e tantos elementos ligados ao tráfico de droga e de alguns policiais.

A notícia repercutiu fortemente lá fora. Muitos estranharam que em terra de tanta e tamanha violência, o Comitê Olímpico tenha escolhido o Rio para sede da Olimpíada de 2016. Cheguei a ler em respeitável folha inglesa que chegara a haver uma trégua entre os senhores do tráfico e o governo brasileiro, uma espécie de trégua nos dias decisivos da escolha final. A bandidagem fizera um acordo com as autoridades para evitar qualquer marola que prejudicasse a decisão do Comitê Olímpico. Depois sim, continuaria a guerra.

Absurdo desses só seria possível se o Brasil já não tivesse a péssima imagem de uma violência que não é de hoje e ameaça continuar amanhã. Outros jornais falaram em guerra civil, considerando a chacina um episódio de uma guerra real entre duas nações, a legal e a do crime organizado. Na Irlanda e na Espanha, que sofrem com facções separatistas, de vez em quando há massacres, mas geralmente de menores proporções.

O presidente Lula declarou nesta semana que a política de re­­pressão ao tráfico precisa ser reavaliada, não está dando resultados promissores. Independen­­temente da Olimpíada, o mundo precisa ver o Brasil não como ele é, mas como precisa ser. Como diz aquele belo samba exaltação do Ary Barroso, precisamos dar ao mundo o que admirar, além de nossos coqueiros que dão coco.

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