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Rio de Janeiro – Nenhuma novidade no fato de Saddam Hussein ter sido condenado à forca por um tribunal que sofreu pressões dos Estados Unidos, que ocupa o território iraquiano, onde se encontram fabulosas reservas de petróleo. Embora ainda caiba a apelação da sentença, é certo que Saddam terá o que merece.

Contudo, é inevitável que se discuta mais uma vez a oportunidade ou a necessidade da pena de morte, seja para que criminoso for. Não se duvida que Saddam cometeu crimes contra a humanidade, mas nem por isso será tranqüilo o juízo da opinião pública mundial sobre sua execução.

Cita-se a favor do enforcamento o tribunal de Nuremberg, que condenou nazistas após a Segunda Guerra Mundial. Houve gradação de penas e pelo menos um deles, Rudolf Hess, foi condenado à prisão perpétua, teve muitos anos para meditar sobre os crimes cometidos pelos nazistas e por ele próprio. Tal como Goering, que se suicidou dias antes de sua execução, Hess tentou o suicídio por não agüentar a pena a que fora condenado.

Voltando a Saddam Hussein: a prisão perpétua poderia ser alternativa do enforcamento, mas a situação pode mudar no Iraque e no xadrez da política mundial com o seu retorno ao poder. Daí a solução radical de eliminá-lo – de quebra, ajudando os republicanos na eleição dos Estados Unidos.

Há também o aspecto didático de seu enforcamento. Uma advertência a ditadores e candidatos a ditadores, que continuam a freqüentar o primeiro plano da política internacional. De minha parte, não sendo candidato a ditador de coisa nenhuma, continuo contra a pena de morte e, por menos simpatia que tenha por Saddam Hussein, acho que ele deve continuar vivo para remorso próprio e também para remorso de George Bush.

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