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Rio de Janeiro – A demora na formação do ministério deste segundo governo de Lula tem recebido uma explicação do próprio presidente da República: é preciso fortalecer a base aliada que o apoiou na reeleição e deverá apoiá-lo durante todo o mandato. Uns pelos outros, os mesmos critérios (contentar os aliados) foram usados na formação dos ministérios anteriores.

Nomear fulano para tal pasta, em princípio, poderia garantir a tranqüilidade operacional do governo. Não foi isso o que se viu ao longo do primeiro mandato. Para garantir votações que interessavam ao Executivo, foi necessário lançar mão de um recurso pontual que se institucionalizou em parte: o mensalão. Caso por caso, correu dinheiro por fora para convencer os aliados a se tornarem mais aliados e alinhados.

Não estou insinuando que o ministério a ser formado seja uma espécie de mensalão antecipado, onde não haverá derrame de dinheiro, mas de cargos e zonas de influência. É nesse cipoal de interesses que o presidente tem cacife para garantir o apoio pleno todas as vezes em que o governo estiver empenhado em aprovar um projeto ou um plano, seja ele o PAC ou outro que será criado.

Comparar o ministério com um tipo de mensalão "light" pode parecer exagero, mas, na prática, o esquema é o mesmo: o governo dá para receber.

Os ministros novos, se forem realmente novos, não precisam ter afinidade com as respectivas pastas. Não serão pessoas físicas, mas pessoas jurídicas, que representarão não apenas partidos mas partidos dentro dos partidos, tudo na base de "quantos votos" cada um deles poderá trazer para o plenário da Câmara ou do Senado.

Bem-sucedido, o mensalão por atacado poderá funcionar sem o adjutório em espécie. Mesmo assim, há o risco do varejo.

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