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RIO DE JANEIRO – Em dias de tédio forçado por motivo de saúde, andei relendo o livro de Fraga Iribarne, "Un Objetivo Nacional", traduzido por Carlos Lacerda e escrito nos primeiros anos após a morte do generalíssimo Franco e a restauração da monarquia na Espanha, na qual o autor foi um dos ministros e mais tarde governador da Galícia.

O que me impressionou no livro foi a consciência política dos espanhóis em geral, que sentiram necessidade não de punir culpados e criar vestais provisórias, mas de procurar um objetivo nacional além dos fatos miúdos ou graves do regime que se esgotara com a ditadura franquista.

Em termos históricos, foi uma bola para a frente que, em poucos anos, colocou a Espanha numa situação privilegiada na estrutura da economia mundial moderna. O contraste entre um objetivo nacional e um objetivo eleitoral explica a volta por cima que a Espanha soube dar e continua dando.

Terminamos agora, aqui no Brasil, mais uma campanha em que a classe política se entredevorou em denúncias, dossiês, escutas telefônicas, todo o lixo de uma luta pelo poder, e não uma busca séria e consistente de um objetivo nacional.

Em linhas gerais, 90% das promessas eleitorais dos candidatos aos diversos cargos eletivos limitaram-se a prometer botar na cadeia os corruptos, os ladrões do dinheiro público. A Polícia Federal tornou-se uma referência mais importante do que a Justiça Eleitoral em si. O noticiário político tornou-se o filé mignon do noticiário policial.

Os últimos dias de campanha, que deveriam estar marcados pelo debate em torno de um objetivo nacional, foram dedicados a apurar um dossiê que ninguém viu e certamente ninguém verá. Infelizmente no Brasil, o objetivo nacional é saber quem traz a mala-preta para quem.

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