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Rio de Janeiro – Formadores de opinião (entre os quais não me incluo), sociólogos, psicólogos e outros entendidos que procuram explicar tudo foram unânimes em condenar a ação policial nas favelas do Alemão, da qual resultaram 20 e tantos cadáveres de "supostos" traficantes.

Apesar da unanimidade das elites culturais, o povão se manifestou a favor da chacina, na base de 80%. Não faz muito, quando houve o referendo sobre a proibição do fabrico e venda de armas, os mesmos entendidos sofreram um impacto. Davam como certa a aprovação da medida, mas o povão mais uma vez foi contra, votando a favor da liberação das armas.

Sempre ouvi dizer que a democracia é o regime político e social cujo núcleo é a opção da maioria. Já foi tempo em que a desculpa (ou a explicação) para o confronto entre o povão e as elites era simples: o povo não sabia votar. Quer dizer, saber, sabia, mas votava errado.

E tem mais: quase 90% dos cariocas desejam que a polícia faça novas chacinas em outras favelas. E 54% de uma população que sempre desconfiou da polícia pela primeira vez admitiu, meio a contragosto, que ela merece um crédito.

O argumento das autoridades locais é taxativo: guerra é guerra. E há uma guerra de fato entre o Estado legal e o crime que assumiu a condição de um Estado marginal. Como se sabe, toda e qualquer guerra é uma estupidez. E nem sempre o vencedor é o lado certo.

De qualquer forma, sempre que me informo pela mídia, fico sabendo que não há traficantes nem arsenais de armas ilegais. Há apenas supostos traficantes e supostos arsenais. Um jurista disse, há pouco, a propósito de Renan Calheiros, que ninguém pode ser julgado antes de ter o processo respectivo passado por todas as instâncias da Justiça. O resto é suposição.

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