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O tema talvez esteja superado. Durante semanas, na seção das cartas dos leitores, discutiu-se a retirada dos crucifixos das salas de aulas dos colégios públicos, bem como dos tribunais e de outras repartições do Estado. O argumento principal, lembrado por todos os que defendiam a retirada, foi o constrangimento daqueles que, professando outras religiões ou não professando religião nenhuma, são obrigados a conviver com o símbolo maior de outra religião, não importa que seja a religião da maioria.

O argumento procede, uma vez que respeita o mesmo crucifixo nas salas e dependências de escolas e instituições cristãs, tal como nas sinagogas e instituições judaicas é natural o uso de símbolos como a estrela de Davi e a menorá – que, por sinal, é usada também em templos cristãos. O Estado é leigo, mas é essencialmente democrático.

Até aqui, estou falando do assunto que ocupou o noticiário há pouco. Tudo bem, acho que a discussão valeu a pena. Temo, porém, que ela seja estendida ao Cristo Redentor do nosso Corcovado. Não se trata exatamente de um símbolo religioso, mas de um monumento que se instalou numa paisagem que não permitiria, por exemplo, um crucifixo, nem mesmo uma simples cruz.

É apenas um gigantesco homem de braços abertos sobre a Guanabara, num gesto de quem acolhe, protege e abraça. Não constrange o praticante de outros cultos. Quando o cardeal Leme pensou na estátua, recusou propostas de um Cristo Rei, um rei no trono do mundo. Preferiu o gesto largo de um homem colossal, abrigando outros.

A estátua, em si, é feia, mas no lugar em que a botaram ficou perfeita, ela e o assombroso pedestal de pedra. Não se trata de um símbolo religioso, mas de um marco na paisagem que nos faz sentir em casa.

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