Exatamente 227 anos atrás, no dia 14 de julho de 1789, a Fortaleza da Bastilha tinha sete prisioneiros: quatro falsários, dois loucos e um incestuoso. O Marquês de Sade, aquela pessoa maravilhosa, fora transferido dez dias antes. Mesmo assim, uma multidão atacou-a e, contando quase uma centena de baixas, apoderou-se da fortaleza, cortou-lhe a cabeça ao governador, espetou-a numa lança e saiu a festejar pelas ruas da cidade.

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Essa manifestação de selvageria perfeitamente inútil até hoje serve de símbolo da Revolução Francesa, a irmã continental da Revolução Americana, que com esta estabeleceu as bases de todos os sistemas políticos de hoje. Do ataque sangrento a uma prisão vazia passou-se ao Terror da guilhotina, e deste à chacina de populações inteiras para fazer vigorar uma nova ordem, um sonho de “mundo melhor” do qual nasceram todas as distopias que fizeram do século 20 o recordista em sangue inocente derramado.

Uma manifestação de selvageria perfeitamente inútil até hoje serve de símbolo da Revolução Francesa

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Parecem belas as palavras que tomou por tema, como parecem belos, hoje, os apelos à “justiça social” com que seus herdeiros dinossauros ideológicos tentam justificar seus despautérios. “Liberdade, igualdade, fraternidade”: nobre ideal, até que percebamos que se trata da liberdade de espoliar o mais fraco, da igualdade entre o bem e o mal, e de uma estranha fraternidade em que todos são “irmãos” e “iguais”, mas alguns são sempre mais iguais que os outros e detêm o direito de cortar a cabeça de quem não queira seguir suas ordens. O lema começou como componente do escudo da Guarda Nacional revolucionária, a primeira polícia política da história, e foi explicado mais perfeitamente pela prefeitura revolucionária de Paris, que ostentava em sua fachada as palavras “República una e indivisível – Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou a morte”.

A morte sempre foi a única alternativa dada, e continua sendo até hoje nos meios políticos em que a barbárie revolucionária, tão perfeitamente simbolizada pelo sangrento assalto a uma prisão vazia, é tida por caminho a seguir. É aquela mesma violência insensata que move, em pleno século 21, a barbárie do MST e demais milícias revolucionárias a serviço de ideólogos da extrema-esquerda. Seria ela que moveria uma extrema-direita violenta que felizmente não temos (boçais isolados sempre existem; estou falando de milícias partidárias organizadas). As marcas da ação revolucionária são sempre a insensatez do ataque, a futilidade com que se arrisca a vida, própria e de outrem, e a preponderância absoluta das paixões inferiores – a ira, a luxúria, a ganância, a vingança – sobre a razão e a caridade.

Neste 14 de julho, examinemos a nossa política, municipal, estadual e nacional, para dela alijarmos a insensatez da Revolução.