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Somando-se aos horrores já costumeiros da dengue, malária, chikungunya e febre amarela, agora a febre zika vem causando microcefalia em crianças Brasil afora. Todas essas doenças transmitidas por mosquitos foram vencidas no século passado por uma substância quase miraculosa, o DDT. Aplicado em uma parede, ele mata os insetos que nela pousarem por quase 30 anos! Pudera que sua descoberta tenha valido um Nobel de Medicina.

Em 1962, todavia, iniciando o ambientalismo radical de nossos dias, foi lançado um livro demonizando o DDT. A autora defendia que seu uso eliminaria os insetos, o que acabaria com os passarinhos, e inexoravelmente o mundo viraria um deserto, num cenário catastrofista semelhante aos da fértil imaginação dos ambientalistas mais radicais de hoje. Foi ela quem lançou a moda, por assim dizer. Tal foi o sucesso do livro que ele acabou causando politicamente a proibição do DDT nos Estados Unidos e, por tabela, no resto do mundo.

Todo animal altera de alguma maneira o seu ambiente

Cerca de 30 anos após a proibição, previsivelmente, ressurgiram todas as doenças que o DDT havia vencido. Elas voltaram porque o livro estava errado, e o DDT não desertificou o mundo. A natureza, ao contrário do que creem os ecochatos, é muito mais resistente que as cidades. A aplicação de DDT nos lugares habitados por seres humanos, estes animais tão sociais que deixam áreas vastíssimas absolutamente desabitadas enquanto se aglomeram em cidades, não destrói nem teria como destruir o resto do mundo.

Todo animal altera de alguma maneira o seu ambiente. Todo bicho constrói uma toca que o proteja de predadores e parasitas. O homem não é exceção; o próprio gregarismo da espécie é uma das formas de proteção desses bichos de pele fina, unha mole e dente sem ponta. O que nos falta em armas e defesas naturais é amplamente compensado pelo engenho humano, que nos faz levantar paredes e inventar remédios, vacinas e DDT. Criamos o nosso ambiente, que não é mais o habitat original dos insetos. Na verdade, eles muitas vezes acabam ficando mais à vontade que nós mesmos no que deveria ser a nossa toca.

Afinal, na cidade não existem os predadores que diminuiriam o número dos insetos que surgem aos bandos das inúmeras poças que a impermeabilização dos solos e construções faz aparecer a cada chuva. Eles são muitos; não faz sentido querer proteger insetos urbanos, que dirá insetos urbanos assassinos. A cidade é nossa toca, e o DDT não é diferente da entrada estreita do ninho do joão-de-barro: é um mecanismo de proteção. O mesmo engenho que nos deu a capacidade de inventar o DDT nos dá a capacidade de usá-lo adequadamente, protegendo o homem nos ambientes em que são os humanos, não os mosquitos, quem está em casa.

É hora de voltar a usar o DDT.

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