• Carregando...

Felicidade é saber que duas pessoas estão juntas. Comemoro mais que quando o Atlético vence. É a alegria de uma noite de autógrafos ou a notícia do aumento no salário, aquele sim que parecia impossível, ou férias em uma praia sem acesso à internet.

O que, de fato, me faz sorrir é a constatação de que, após o primeiro encontro, a segunda noite e o terceiro mês, um casal segue. Daí, algo aconteceu. Quando uma relação continua, até parece milagre — ou Jimi Hendrix solando em Little Wing.

Afinal, vários fatores concorrem para que tudo dê errado. Uma confissão pronunciada ao acaso pode ser o começo da ruína. E as idiossincrasias? Gostar de pegadinhas ou ser vegetariano? O que é pior? Gargalhar ou não ter senso de humor? Sofrer de flatulência pode ser fatal. Roncar é motivo para dizer adeus amanhã de manhã? Joanete, pelo em excesso nas costas ou mastigar amendoim no horário da novela são motivos para um ponto final?

Então, quando há, verdadeiramente, um casal, um pode gostar das cantatas de Johann Sebastian Bach e o outro, das canções da Banda do Mar. Ela ronca? Ele deixa a tampa do vaso levantada? Uma relação, quando acontece, tem espaço para diferenças e é motivo para queima de fogos. Não. Melhor abrir um tinto seco, ligar Como se fosse pecado, do Belchior, e cantar dançando: "Felicidade, arma quente".

A Paola de Orte e o Rubens Campana vão se casar neste sábado, dia 13. Convivi primeiro com ele e, em seguida, com ela. Ou foi o contrário? Jamais pensei que um dia eles formariam um casal. Numa manhã, era feriado, eu seguia para um plantão, passa um carro, umas mãos acenam, alguém buzina. Eram eles. E estavam juntos.

Rubens e Paola atravessaram a temporada do encanto inicial, verões e invernos e, apesar de tudo o que a passagem dos dias pode provocar, eles continuam.

Sábado, agora, é o momento da celebração. Que presente vou entregar ao casal? Um faqueiro? Uma máquina de lavar louças? Uma garrafa de Romanée-Conti? A obra completa de Ludwig van Beethoven? Todos os filmes do Federico Fellini? Ou O Trovador, o romance do Rodrigo Garcia Lopes? O presente é um texto publicado na Gazeta, este aqui: uma espécie de oração, votos de bem-aventurança, nas gargalhadas e nas lágrimas, do jeito que der, seja como for. Desejo a vocês, Paola e Rubens, e a todos os que enfrentam o desafio de um casamento, um convívio viável e um pouco de sorte que, em geral, ajuda.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]