• Carregando...

Depois de todos os esforços para integrarmos em nossas comunidades ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, constatamos que as discriminações continuam. Quem mora mais perto da Igreja matriz deve ser melhor atendido. Quem tem algum primo padre tem direito a cerimônias melhores. Muitos pensam que Deus está aí só para eles. A Igreja é realmente para todos, ou somente para gente de bem "gente de casa"? Os antigos israelitas achavam que a aliança de Deus pertencia exclusivamente a eles. Também achavam que bastava ser israelita para ter a salvação garantida. Não agüentavam que seus profetas os criticassem.

Por isso, quando Deus manda o profeta Jeremias, já o prepara desde o início para enfrentar a resistência do seu povo. É a primeira leitura deste domingo. Semelhante resistência encontra Jesus, especialmente na sua própria terra, Nazaré. Ele anuncia que o Reino de Deus e a libertação se destinam também aos pagãos e mesmo com prioridade. É o que nos ensina Jesus no Evangelho deste domingo.

Aos que ciosamente esperam dele milagres para sua própria cidadezinha, Jesus lembra que os milagres de Elias e Eliseu favorecem estrangeiros. Por isso, seus conterrâneos querem precipitá-lo da colina de sua cidade. Mas Deus o torna firme e inabalável como o tinha prometido a Jeremias. Com autoridade assombrosa, atravessa o corredor formado pelos que ameaçam sua vida.

A Igreja, corpo e presença de Cristo, deve anunciar ao mundo a salvação para todo, sem discriminação ou privilégio. Ser "gente da casa" (católico de tradição) não tem peso algum. A boa-nova é para todos quantos quiserem converter-se. A primeira exigência do ser cristão é não ser egoísta, não querer coisa só para si, nem as materiais, nem as espirituais. O Evangelho não é nenhum privilégio. Excluir quem quer que seja, por pertencer a outra classe, ideologia ou ambiente, está em contradição direta com o evangelho e a prática de Jesus.

O Evangelho é para todos. Se alguém, por força de sua cabeça fechada, tapa os ouvidos, problema dele. Portanto, que " os de casa" não rejeitem o profeta que se dirige aos outros. Para anunciar a boa-nova a todos, a Igreja "toda profética" não deve ser escrava de privilégios e influências alheias. Deve falar com a desinibição que caracteriza os profetas.

Os que nela possuem o carisma profético devem destacar-se por sua autenticidade, sua coragem de mártir, sua simplicidade, que deixa transparecer o Reino de Deus em sua vida.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]