A Amazônia legal é composta por 761 municípios, segundo o IBGE. Nela, a Igreja está presente em seis regionais com as seguintes arquidioceses, dioceses e prelazias territoriais, situadas nos estados Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins, Goiás (5 municípios) e Mato Grosso. nessas há 946 paróquias, com a presença de 1.721 padres: 867 do clero secular e 854 do clero religioso. Há a presença de 2.930 religiosas e 1.246 religiosos irmãos. Para uma população de 22.604.403 pessoas, há 17.655.539 católicos.

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A Igreja na Amazõnia tem dado testemunho admirável de uma grande vitalidade, fruto de uma visão mais ampla e profunda da realidade amazônica e também da vida, em seu sentido mais amplo. Baseada nessa realidade local, desenvolveu uma espiritualidade, uma teologia, uma pastoral e uma missionariedade própria que envolveu grande quantidade de pessoas, especialmente de mulheres, que se embrenharam nas matas, rios, estradas, levando a Palavra de Deus, incentivando as comunidades, contribuindo para o povo manter viva sua fé e vivência cristã. É com alegria que relembramos o serviço que as Comunidades Eclesiais de Base continuam prestando na Amazônia. Nessa convivência eclesial e comunitária, é possível unir "as sementes do Verbo" presentes nas culturas do povo e na profunda religiosidade com um anúncio da Palavra vivenciando e transformador: a leitura popular orante e ecumênica da Bíblia está se difundindo sempre mais. Essa leitura alimenta as pastorais, os grupos eclesiais, as comunidades religiosas e está provocando uma adesão mais consciente ao serviço do Reino e de sua justiça, está animando a resistência dos oprimidos e excluídos, está fortalecendo a coragem dos que lutam e está ajudando a ver, como que enxergando o invisível diante dos novos cenários que outra Amazônia é possível. Nem sempre, porém, a realidade é unívoca e corresponde aos documentos escritos.

Muitas contradições desafiam nossa pastoral. Nesses últimos anos ocorreram mudanças que preocupam, pois são indicativas de situações que revelam certa fragilidade diante dos novos cenários que a Amazônia está vivendo. Constatamos os seguintes desafios: a) a opção pelos pobres, as CEBs, a ética ambiental e o diálogo intercultural e inter-religioso ainda não foram totalmente assumidos como elementos essenciais da evangelização, da pastoral e da catequese eclesial, apesar das solicitações e das iniciativas pastorais; b) entre os principais desafios da Igreja na Amazônia está o de colaborar com toda a sociedade para que as intervenções na região sejam feitas em favor da população local e não apenas de grandes projetos de energia, mineração, extração de madeira ou ampliação das áreas de pastagens e plantações de soja. No conflito pela ocupação da terra e preservação do meio ambiente, avultam as questões da demarcação de todas as áreas indígenas, da garantia da vida e trabalho para seringueiros e populações reibeirinhas com a criação de Reservas Extrativistas e das áreas de manejo sustentável da floresta e o assentamento de posseiros e lavradores sem terra; c) enfrentar a grave crise ecológica provocada pelos desmatamentos, queimadas e contaminações dos rios por garimpos, projetos de mineração e o crescimento urbano que despeja nos rios sem tratamento os esgotos, afluentes industriais e o lixo das cidades, afetando toda a população que tira dos rios a sua subsistência, vivendo basicamente da pesca. Aliás, esse desafio não é somente da Amazônia, mas também de todo o Brasil.

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É só constatar o que está acontecendo na Mata Atlântica, nas praias, nos rios do nosso querido estado do Paraná! Esta Campanha da Fraternidade é uma ocasião para que não só a Igreja, mas todas as autoridades governamentais, o povo, em todo o Brasil reveja com confiança, ousadia e destemor sua ação, uma vez que "nossa esperança não se baseia apenas na realidade da história, mas na promessa de Deus e nos sinais de futuro que acompanham as palavras que nos manda proclamar".

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.