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"De manhã cedo, no primeiro dia depois do sábado, Maria Mada­­lena se dirige ao sepulcro. Ainda estava escuro." Nessas primeiras palavras do Evangelho do Dia de Páscoa, podem-se perceber, tocar, quase respirar os sinais da vitória da morte. Na terra tudo é silêncio, imobilidade, quietude, enquanto uma mulher sozinha e assustada se movimenta na escuridão da noite. O que acontece quando ela se depara com o sepulcro vazio? A cena muda como que por encanto. Sacudidos de repente por uma explosão de vida, todos os personagens estremecem do próprio torpor e começam a se movimentar depressa: "Maria Madalena vai correndo até Simão Pedro. Este, então se precipita para fora junto com outro discípulo. Corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa..." Tomando todos de surpresa, no dia depois do sábado, a vida explode com toda a sua força. Deus interveio e fez rolar a pedra do sepulcro.

Também em nossos dias há no mundo situações e lugares nos quais a morte domina soberana e o silêncio celebra a sua vitória. O poder, o princípio da força, da discriminação, a injustiça, o fermento da astúcia parecem, às vezes, esmagar as forças da vida, e o ser humano se encontra inerte e pusilânime diante do triunfo do mal. Serão, porém, compatíveis com a fé na ressurreição de Cristo o desânimo e o conformismo diante dos sinais da vitória da morte? Desde o alvorecer do Dia de Páscoa, Deus manifesta o primeiro sinal da revolução social que a ressurreição de Cristo pode provocar: na sociedade judaica daquela época a mulher pertencia à classe das pessoas discriminadas.

Como os escravos, as crianças, os pastores, a mulher não era considerada testemunha confiável. Pois bem! Deus escolhe uma mulher para transmitir ao mundo a mensagem de que a morte foi vencida. A grandiosa cena deve ser interpretada da seguinte  maneira: os maus combateram contra o justo e o venceram. Eles têm certeza que o reduziram ao silêncio para sempre. Uma enorme pedra foi colocada na entrada do sepulcro e um pelotão de guardas está de sentinela para que ninguém se aproxime. Tudo indica a celebração da vitória da morte sobre a vida, da maldade sobre a retidão, do ódio sobre o amor.

Diante desse drama perguntamo-nos desolados: as trevas e o silêncio de um sepulcro poderão apagar até a lembrança do justo ao passo que o assassino gargalha zombeteiramente? Ao alvorecer do dia de Páscoa, Deus responde a essa angustiante pergunta. Num esplendor de luz faz explodir a sua força vivificadora. Ele não pode permitir que o seu Servo fiel seja vencido pela corrupção. A enorme pedra que fecha o sepulcro é rolada para longe, enquanto o Santo, o Justo é elevado para a glória do Pai e o anjo sentado sobre a pedra celebra o triunfo definitivo do Senhor da vida. Os soldados escalados para a defesa da injustiça e da iniquidade fogem apavorados diante da luz da Páscoa. Diante desta cena adquirem sentido todas as derrotas e todas as lágrimas dos justos de todos os tempos.

Deus inverte todas as situações de morte provocadas pelas maldades dos homens. A mensagem do céu, dirigida às mulheres, na verdade se destina a todos nós: nenhum justo será jamais abandonado ao poder da morte; o seu sepulcro, como o de Jesus, ficará vazio. As forças da morte (a injustiça, a opressão, a calúnia, o ódio, o engodo, a esperteza...) não prevalecerão sobre a vida embora frequentemente, por algum tempo possam dominar.

A TODOS UMA FELIZ E SANTA PÁSCOA!

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