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A Palavra de Deus, hoje, insiste em virtudes fora de moda: mansidão, humildade, modéstia e gratuidade. Quanto à modéstia, Jesus usa um argumento da sabedoria popular, do bom-senso: se alguém for sentar no primeiro lugar num banquete e um convidado mais digno chegar depois dele, esse primeiro terá de ceder seu lugar e contentar-se com qualquer lugarzinho que sobrar. Mas quem se coloca no último lugar só pode ser convidado para subir e ocupar um lugar mais próximo do anfitrião.

Ora, citando essa humildade de quem se faz de burro para comer milho, Jesus pensa em algo mais. Por isso acrescenta outra parábola, para nos ensinar a fazer as coisas não por interesse egoístas, mas com gratuidade. Seremos felizes – diz Jesus – se convidarmos os que não podem retribuir, porque Deus mesmo será a nossa recompensa. Estaremos bem com Ele, por termos feito o bem aos seus filhos mais necessitados.

A gratuidade não é a indiferença do homem frio, que faz as coisas de graça porque não se importa com nada, pois isso é orgulho! Devemos ser gratuitos simplesmente porque os nossos "convidados" são pobres e sua indigência toca o nosso coração fraterno. O que lhes damos tem importância, tanto para eles como para nós. Tem valor. Recebemo-lo de Deus, com muito prazer. E repartimo-lo, porque o valorizamos.

Dar o que não tem valor não é partilha: é liquidação... Mas quando damos de graça aquilo que com gratidão recebemos como dons de Deus estão repartindo o seu amor. Tal gratuidade é muito importante na transformação que a sociedade está necessitando. Importa não apenas "fazer o bem sem olhar para quem" individualmente, mas também social e coletivamente: contribuir para as necessidades da comunidade, sem desejar destaque ou reconhecimento especial; trabalhar e lutar por estruturas mais justas, independentemente do proveito pessoal que isto nos vai trazer; praticar a justiça e humanitarismo anônimos ocupar-nos com os insignificantes e inúteis...

Assim a lição de hoje tem dois aspectos: para nós mesmos, procurar a modéstia, ser simplesmente o que somos, para que a graça de Deus nos possa inundar e não encontre obstáculo em nosso orgulho. E para os outros, sermos anfitriões generosos, que não esperam compensação, mas, sem considerações de retorno em dinheiro ou fama, oferecem generosamente suas dádivas a quem precisa.

Dom Moacyr José Vitti CSS, arcebispo metropolitano

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