O tempo de Natal associa ao mistério da Encarnação os temas complementares da Sagrada Família. Ela situa a Encarnação de Jesus no quadro da família, célula básica da sociedade humana. Focaliza a condição humana de Jesus e sugere algumas atitudes concretas para a vida cristã. A experiência da família de Jesus é posta como paradigma para toda a vida familiar. Não se trata de encontrar "receitas moralísticas", provavelmente inadequadas para nossa sociedade, mas de presenciarmos o mistério da família de Nazaré, para voltarmos à nossa situação, aqui e agora, imbuídos do mesmo espírito. Vivemos num mundo cheio de contradições.

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Há jovens que são "luzes" expondo ao claro essas situações. Muitas vezes, seus pais não os entendem, ficam preocupados, frustrados até. Em tais momentos lembrem-se o que acontece com Jesus: Deus o guardou para si. Os filhos que Deus dá não são propriedades dos pais. Os pais são como as escora que sustenta a árvore nova para que ela cresça e fortaleça; depois devem tornar-se supérfluos. A mãe não guarda o filho em si, mas o dá à luz. Maria e José apresentam seu filho a Deus. Esse gesto nos ajuda a compreender o sentido do batismo das crianças: são entregues a Deus para participar da missão profética da Igreja, que o Concílio Vaticano II caracterizou como "Luz das Nações". Como compreender então a família? Muitos pais consideram sua família "modelo" na medida em que for fechada e auto-suficiente. Mas o ideal da família cristã é ser evangelizadora. Essa missão poderá provocar separações dolorosas, ou até atitudes aparentemente incompreensíveis, como foram as palavra de Simeão a Maria.

Mas a unidade da família está naquele que a todos envia: o Pai Celeste. Os educadores pretendem formar "homens e mulheres para o mundo". Mas o que vemos são filhos e filhas abandonados ao mundos, e o resultado é o mesmo: só vivem para si. Os pais de Jesus oferecem seu filho a Deus, e assim ao mundo. A lei judaica prescrevia oferecer a Deus o primeiro filho homem, porque Deus é o dono da vida. Simbolicamente, resgata-se então o filho mediante um sacrifício. Para os mais pobres, o caso de José e Maria, este sacrifício podia ser um par de rolinhas. Ao apresentar Jesus ao Templo, os pais de Jesus encontram o velho Simeão, pessoa piedosa, que tinha até visões. Assim, ele explicou a Maria que seu filho não pertencia a ela, mas a Deus. E que o filho a faria sofrer, porque seria um "sinal de contradição". Depois, José e Maria voltaram a Nazaré, para criar Jesus até o tempo em que Deus o requisitasse. E ele crescia física e intelectualmente, e "a graça de Deus estava com ele".

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Muitos pais são incapazes de educar os filhos para deixá-los afastar-se deles. É um drama quando o adolescente revela a idéia de assumir uma profissão fora do quadro da família ainda que seja médico dos pobres ou ecologista. E no dia-a-dia, quantos pais deixam os filhos organizar sua vida conforme sua consciência e não conforme os interesses desproporcionados da família? E quando se trata de noivado, casamento... E a escolha do partido político... A família cristã deve se caracterizar pelo oferecimento dos filhos a Deus e ao mundo, conforme o projeto de Deus. Para isso, eles têm que receber a educação, educação para a liberdade, para o serviço, para o desapego. Desapego por parte dos pais que os educam para doá-los ao mundo. E desapego como virtude dos filhos, levando-os adorar-se, em vez de procurar a própria satisfação. Nem abandonados, nem mimados, mas filhos de Deus e homens e mulheres para o mundo.