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Mais uma vez os políticos do Oeste para­­naen­­se desejam agora re-quentar a ideia de cortar o Parque Nacional de Iguaçu em duas partes.

A nova edição da abertura da Estrada do Colono vem agora impressa em verde. Ela se chamaria Estrada-Parque Caminho do Colono de acordo com o projeto de lei do deputado federal Assis do Couto (PT-PR), relatado pelo deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR).

Já em 2003 mostrei que a simples melhoria do transporte não traz desenvolvimento. Entre São Paulo e Curitiba, por exemplo, há uma região paupérrima próxima a dois grandes centros. Desen­­volvimento é resultado de vários fatores e transporte é somente um deles.

A região de Foz tem no turismo sua grande fonte de renda. Ne­­nhum outro aeroporto do Paraná recebe tantos estrangeiros. Cortando o parque em dois e perdendo o título da Unesco de Patrimônio da Humanidade a região trocará sua galinha dos ovos de ouro por 17,5 quilômetros de estrada.

Chamar a faca que cortará o parque de "estrada-parque" é a estratégia mais recente. O deputado Assis do Couto em seu projeto de lei cita outras estradas-parque como Itu, a da Serra do Guararu e outras, "todas elas muito bem-sucedidas em seus propósitos", com grifo de sua excelência. O deputado parece não saber que estradas-parque servem para resolver, não para criar problemas. O fluxo de turistas estimula governo e empresários a resolvê-los. É assim em todas as estrada-parque citadas pelo deputado. Nenhuma delas corta parques. O interior do Parque Nacional do Iguaçu é o último lugar do Paraná onde não existem problemas ambientais. Essa é a última grande floresta do Paraná. Não basta todo resto do estado para soja, caminhões e poluição? Temos que levar isso para o interior do Parque do Iguaçu também?

O grande argumento para a abertura da estrada é que ela já teria estado lá. É verdade, mas como trilho de burros, não de automóveis e caminhões. Se a história não serve para evitarmos burrices do passado, serve para quê?

Erros do passado conseguiram até agora transformar aquele trecho em capinzal. Em 2008 adentrei a pé os primeiros 7 quilôemtros daquela estrada, então um mar de capim africano com algumas raras árvores nativas. Aos poucos a natureza tem fechado os erros do passado. A pressão que você fizer na Câmara dos Deputados fará diferença.

Conhecemos pouco sobre como as florestas reagem às ofensas que sofrem. Em 1993 sobrevoei uma floresta em Piracicaba (SP) que recuperava-se de décadas de incêndio e cortes. Agora em 2010, com 17 anos a mais de recuperação, esperava que estivesse melhor, mas não está. As clareiras de capim aumentaram em seu interior. A dinâmica da floresta é mais complicada que a das árvores. Os deputados de Brasília não têm obrigação de saber disso, mas têm obri­­gação de conversar com quem sabe.

Se de toda forma os interesses individuais prevalecerem sobre a floresta, sugiro aos nobres parlamentares que ao menos a nomeiem Estrada-Parque Cami­­nho do Colonião em honra ao capim africano que colocamos lá dentro.

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