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Antes de tudo, o Ano-Novo nos pede aquilo que Jesus chamou de "uma só coisa necessária". A unidade. Ele quer a unidade entre nós. De janeiro a dezembro.

Janeiro nos faz lembrar que a eternidade dura apenas um dia – é o Dia que não tem fim, pelo simples fato de que não tem início. E é dentro desse Dia que precisamos mergulhar, pois a fé (como disse Voegelin, se não estou enganado) significa um salto na eternidade.

Unidade não é sinônimo de uniformidade. Cada um encontrará o seu caminho individual para o absoluto. Como bem sabem os músicos, a harmonia consiste em diversidade de notas, sendo que algumas podem ser dissonantes. No entanto, a dissonância é diferente da desafinação. Por isso, a busca pela unidade não dispensa – antes exige – a polêmica, a discordância, o debate, a dialética, o entendimento. Não se trata, portanto, de um consenso (todo consenso é artificial e fabricado), mas de uma efetiva compreensão. Como disse Viktor Frankl (mais uma vez, se não estou enganado), o homem realmente humilde é aquele que só baixa a cabeça diante de Deus.

Muito mais do que uma república de cidadãos ou uma sociedade política, somos uma comunidade de almas. É com as almas que me preocupo neste ano que se inicia. No fundo de cada discussão em que nos envolvemos, reside o tema da salvação eterna. E não existe outro caminho para ela, a não ser o que eu chamaria de conservadorismo espiritual. Na base de qualquer texto escrito, existem os valores permanentes e eternos que ninguém, a não ser o Adversário, pode querer mudar. E se digo que "conservadorismo espiritual" é um termo redundante, é porque toda e qualquer matéria tem por definição a impossibilidade de conservar-se para sempre na mesma forma.

Deus nos pede unidade no ano que se inicia porque Ele próprio vive na unidade. Pai, Filho e Espírito Santo significam que a unidade não é uma solidão, mas um fenômeno amoroso, dialógico, familiar. A misericórdia de Deus é tão implacável quanto a Sua justiça. A bondade de Deus é tão intensa quanto a Sua verdade. A fidelidade de Deus é tão resplandecente quanto a Sua beleza. A sabedoria de Deus é tão infinita quanto a Sua presença. Tudo isso forma a unidade que o Criador insiste em nos pedir com estarrecedora humildade, quando poderia simplesmente obrigar-nos a isso.

Em 2014, esforcemo-nos para ser uma comunidade de almas. E conservemos o nosso amor uns pelos outros. "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." Desta vez eu não em engano: a frase está na primeira carta de São João, capítulo 4, versículo 16.

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