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As estatísticas de Produto Interno Bruto (PIB) regionais, relativas ao exercício de 2003, lançadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto com diversas instituições de pesquisas de diferentes estados brasileiros, com base em padrões metodológicos comparáveis, colocaram em relevo dois indicadores econômicos do Paraná: performance e tamanho.

Naquele ano, o estado experimentou o sétimo melhor desempenho do PIB no país (variação de 5,2% contra 0,5% do Brasil), superando todas as unidades federativas do eixo considerado desenvolvido, formado pelas regiões Sul e Sudeste. Com respeito à variável tamanho, ou à contribuição para a geração de renda do país, a economia estadual registrou impulsão de 6,1% em 2002 para 6,4% em 2003, firmando-se na 5.ª posição no ranking brasileiro, ficando atrás do Rio Grande do Sul, que também aumentou sua participação de 7,8% para 8,2% no mesmo período.

Na verdade, apesar de carregarem um retardo temporal de quase dois anos, por exigirem operações em rede, como levantamentos, consistência, tratamentos estatísticos e cálculos, que dependem da chancela do IBGE, os resultados veiculados corroboram a tendência de desconcentração geográfica das atividades produtivas do país, atestada pelo pronunciado declínio da participação da Região Sudeste no PIB, especialmente do estado de São Paulo, e o avanço do Centro-Sul e das regiões de fronteira agrícola e mineral, ancorado na combinação entre variáveis econômicas e incentivos fiscais.

Tanto é assim que a observação da trajetória de crescimento do produto real, no intervalo de tempo compreendido entre 1985 e 2003, permite constatar a liderança de alguns estados do Norte (Amazonas e Pará), do Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e do Sul (capitaneado pelo Paraná), conforme demonstra a tabela 1.

Especificamente em 2003, o maior dinamismo do Paraná decorreu da performance das atividades vinculadas ao agronegócio e/ou à demanda externa, a partir do aproveitamento de alguns componentes conjunturais, como a elevação das cotações das commodities e a recuperação da economia mundial, e de fatores estruturais, que incluem a conquista e consolidação de novas frentes de mercados compradores, caso do complexo soja na China e das carnes na Europa, sustentados por expressivos ganhos de qualidade e produtividade da produção regional. Adicionalmente, verificaram-se os impactos de elementos de irrigação, representados por estímulos de natureza tarifária e tributária oferecidos pelo governo do estado às empresas.

Esses elementos positivos ensejaram a sensível ampliação da participação do setor agropecuário na formação da renda estadual, passando de 16,2% em 2002 para 19,7% em 2003, contra declínio da indústria, de 40,8% para 39,8%, e dos serviços, de 43,0% para 40,5%. No Brasil, agropecuária, indústria e serviços respondiam por 10,4%, 42,2% e 47,4%, respectivamente, para a construção do produto em 2003.

Ressalte-se que a renda agropecuária do Paraná é a terceira maior do Brasil (12,1%), perdendo apenas para a de São Paulo (23,9%) e a do Rio Grande do Sul (14,8%). Enquanto isso, o estado ostenta o quinto parque industrial de transformação do país (6,1%), ficando atrás de São Paulo (40,4%), Rio Grande do Sul (10,0%), Minas Gerais (9,1%) e Rio de Janeiro (7,7%).

Parece oportuno esclarecer que a magnitude da indústria paranaense e seu correspondente peso na estrutura produtiva estadual e brasileira devem aumentar quando forem incorporadas as apurações da Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2003 às Contas Regionais do IBGE. Os dados da PIA revelam contribuição do Rio Grande do Sul e do Paraná de 8,1% e 6,8%, respectivamente, no valor da transformação industrial (VTI), proxy do produto industrial do país, o que precipita o surgimento de indicações de subavaliação e superdimensionamento do parques fabris paranaense e gaúcho, respectivamente, na atual contabilidade regional brasileira.

Com esse tipo de correção, a participação do estado no PIB total brasileiro pode subir para uma faixa entre 6,7% e 7,0%, preservando o 5.º posto. Em não se confirmando essas inferências, seria razoável supor que os esforços públicos e privados, ocorridos desde os anos 1990, para tornar o perfil econômico paranaense cada vez mais semelhante ao brasileiro, teriam não apenas sido infrutíferos mas provocado o efeito oposto.

Em renda per capita, o Paraná ocupa o sexto lugar no país (R$ 9.891,0 versus R$ 8.792,0 do país), depois do Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Convém advertir que as sucessivas quebras de safra, acontecidas em 2004 e 2005, por conta da estiagem, e a permanente valorização cambial provocada pela política macroeconômica de juros reais elevados, praticada pelo governo federal, comprimiram, nos últimos dois anos, os fatores determinantes do dinamismo econômico registrado pelo Paraná em 2003.

Gilmar Mendes Lourenço é economista, coordenador do Curso de Ciências Econômicas da Unifae – Centro Universitário – FAE Business School.

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