Petrobras quer investir US$ 15 bilhões nos próximos anos.| Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras
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A recuperação da economia ainda não engrenou de vez, e os indicadores oscilam entre números positivos e negativos. A produção industrial, por exemplo, teve a terceira queda mensal seguida em julho, e pode terminar o ano com saldo negativo na comparação com 2018. O varejo, por outro lado, registra evolução: em julho, o aumento foi de 1% em relação a junho e 4,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado – em todos os casos, os números são do IBGE. Um outro sinal positivo de que a gangorra pode finalmente pender para o lado positivo está nos dados relativos aos investimentos.

A formação bruta de capital fixo medida pelo Ipea subiu 3,1% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018. Além disso, dados do Ministério da Economia mostram que, também nos primeiros seis meses do ano, 249 empresas manifestaram a intenção de investir um total de US$ 61,74 bilhões nos próximos anos. O valor é o maior em seis anos, e a quantidade de companhias dispostas a investir também cresceu. A maior parte do dinheiro será usada para expansão e modernização de instalações, mas também há empresas interessadas na implantação de unidades.

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Os juros estão caindo, a inflação está sob controle e reformas para facilitar o ambiente de negócios estão caminhando, mas ainda faltam as grandes reformas que darão mais segurança ao investidor

Boa parte deste investimento vem de empresas estatais, como mostrou reportagem da Gazeta do Povo. Quase US$ 15 bilhões são da Petrobras, que aplicará esse valor em pesquisa e desenvolvimento, extração de petróleo e serviços correlatos. Depois de anos de prejuízos e endividamento explosivo, causados tanto pela rapinagem implantada na estatal pelo PT e por políticas de preço determinadas por conveniências políticas, e não pela realidade de mercado, é um alento que a Petrobras esteja recuperando a capacidade de investimento, resultado do esforço capitaneado por Pedro Parente, Ivan Monteiro e Roberto Castello Branco, os presidentes da estatal nomeados por Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Mas os grandes protagonistas do desenvolvimento nacional têm de ser as empresas privadas, e não o Estado. O investidor privado, no entanto, está mais cauteloso. Os juros estão caindo, a inflação está sob controle e reformas microeconômicas para facilitar o ambiente de negócios estão caminhando, mas ainda faltam as grandes reformas macroeconômicas que darão mais segurança ao investidor a respeito do futuro fiscal do país. A reforma da Previdência caminha bem no Senado; já a tributária continua envolta em dúvidas. As propostas que foram formalizadas até agora, na Câmara e no Senado, promovem uma bem-vinda e necessária simplificação, mas não chegam a desonerar a produção e o consumo.

Mesmo com as altas recentes na formação bruta de capital fixo e nas intenções de investimento anunciadas, o Brasil ainda vai demorar para retomar os números pré-recessão. Os níveis atuais são os mesmos de meados de 2008, e ainda estamos quase 30% abaixo do ápice verificado no fim de 2013. A taxa de investimento como porcentagem do PIB continua abaixo de 16%, muito longe do patamar ideal de 25%, e não devemos chegar a essa marca tão cedo, porque ainda há muita capacidade ociosa na indústria nacional – segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em julho o nível de utilização era de 77,7%.

Sem modernizar e ampliar instalações, sem comprar novas e melhores máquinas, as empresas não conseguirão crescer e se tornar mais competitivas. Para que isso ocorra, no entanto, também é preciso que o governo faça sua parte, dando as condições e a segurança para que os entes privados se disponham a investir. Outra frente está uma atenção à infraestrutura física que vá além de simplesmente impedir a deterioração, para que o eventual crescimento gerado pelos novos recursos aplicados pelo setor privado não acabe preso em velhos gargalos nacionais; para isso, o programa federal de concessões vem em boa hora. Sem essa atenção especial aos investimentos, em todas as áreas, ficará mais difícil que o Brasil decole economicamente.

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