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O Brasil melhorou em vários aspectos econômicos, mostram os dados deste início de ano, com queda no desemprego, elevação da renda real dos trabalhadores, mais exportações, ampliação das cotações da Bolsa de Valores e queda do risco-país. Aos poucos o Brasil pode virar "onça" para competir no mundo globalizado, segundo o secretário do Tesouro. Porém, para crescer de fato, o país precisa preparar uma agenda para 20 anos ou mais, como fizeram os "Tigres Asiáticos" – uma base para a plataforma dos candidatos presidenciais no cenário eleitoral.

O plano deve ser focado no desenvolvimento sustentável, aproveitando de forma inteligente o potencial de recursos naturais, em nível mais amplo do que o realizado por outras nações. Este é o recado aos brasileiros, do Fórum de Davos que se encerra hoje na Suíça. Nosso desempenho modesto fez o Brasil passar praticamente em branco no evento, diante de números vistosos exibidos por gigantes do mundo emergente, notadamente China e Índia.

Na crônica histórica brasileira alguns governantes se preocuparam com obras, outros só olharam para o caixa. No caso atual o governo anuncia ter preferido distribuir renda como base para a melhoria social, mas essa opção – distribuição sem crescimento econômico – para ser sustentada exige a elevação da carga tributária, que chegou a 37% em 2005. Essa contínua extração fiscal acaba por sufocar a capacidade dos agentes produtivos, resultando em estagnação: 900 empresas de médio e pequeno porte já saíram do mercado exportador, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria.

Por investir pouco, o Brasil exibe baixa capacidade de oferta de bens e serviços; a pequena expansão do fim de ano já se refletiu nos preços, forçando a autoridade monetária a se preocupar com a inflação – um círculo vicioso que mantém os juros elevados, o investimento retraído e o crescimento estagnado. "O problema é que, desde 1994, os governos só se preocupam com o controle da inflação", queixa-se o professor Gilmar Lourenço, coordenador do curso de Ciências Econômicas da UniFAE.

Especialistas em macroeconomia assinalam que ao privilegiar o curto prazo o país se espelhou no capital financeiro que induz um perfil especulativo; enquanto os asiáticos valorizam o capital para produção, gerando os altos retornos em expansão que eles desfilaram no Fórum de Davos.

A falta desse mecanismo de financiamento das inversões de maturação longa afeta o país nesta era de globalização, alerta o professor Lourenço. Na mesma linha Thomas Friedman, autor do livro "O Mundo é Plano" sobre a globalização, explica que para se inserir mais vantajosamente na corrida para o desenvolvimento, o Brasil precisa cuidar de três fundamentos: investir em infra-estrutura, melhorar a educação e aplicar boas políticas públicas. Contribuindo com a proposta de agenda, sob uma plataforma para o país nos próximos vinte anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreve ter sido "a continuidade de boas políticas que assegurou um futuro melhor à Espanha e ao Chile"; porque "um país se constrói pelo legado de gerações".

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