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Já ganhou contornos mais nítidos o jogo da sucessão: o PSDB finalmente colocou em campo, ontem, após meses de indefinição e desgaste, a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República. Embora lhe falte ainda a confirmação da convenção tucana, restam poucas dúvidas de que será ele o principal adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, embora não declarado, dá todos os sinais de que até já se encontra em campanha para permanecer no Palácio do Planalto.

Perifericamente e dependendo da decisão que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomará em relação à verticalização das coligações partidárias, aguarda-se ainda a definição do PMDB – indeciso entre o ex-governador fluminense Anthony Garotinho e o governador gaúcho Germano Rigotto – e de outras siglas menores para que se componha completamente o quadro eleitoral. Tem-se como certo também que a senadora Heloísa Helena, do nanico Psol, estará no rol dos postulantes.

Mas fiquemos nas duas candidaturas já postas, pois que a tendência hoje mais visível aponta para a polarização entre elas. A mais forte razão para que venha a se concretizar tal tendência é a identificação dos tucanos com o antilulismo – um movimento já de forte base popular que cresceu e se consolidou adubado pelas denúncias de corrupção em que se afogou o PT, o partido do presidente, e que pesam também contra o seu próprio governo. Prevê-se que a campanha na TV e no rádio servirá para aguçar a percepção de que Alckmin será o representante preferencial dos que rejeitam a idéia de recolocar Lula no comando do país.

Há, entretanto, outras diferenças entre os dois candidatos, sobre as quais recairá o julgamento das urnas. Algumas dessas diferenças pesam a favor de Lula, outras, de Alckmin. A primeira e mais evidente diz respeito à personalidade, à capacidade de comunicação com as massas e ao carisma popular de cada um, excepcionais e poderosos no caso do atual presidente; praticamente inexistentes no caso do seu adversário, a quem até se atribui a alcunha de "picolé-de-chuchu" dado o seu sensaborismo. Pesa contra este também o fato de ser muito menos conhecido e de não ter feito o que os políticos chamam de pré-campanha nos estados visando a conquistar aliados.

São diferenças, contudo, que, por superficiais, a campanha maciça e o uso dos ilimitados truques e recursos de marketing tratarão de diminuir ou até de suprimir. Mas há também diferenças de essência e estas, sim, é que deverão merecer a atenção responsável do eleitorado, pois sobre elas é que se assentarão as bases do futuro governo e dos destinos do país. São, Lula e Alckmin, muito antagônicos no que diz respeito à visão política, ideológica e estratégica, elementos definidores fundamentais de prioridades.

Na verdade, ao colocar-se o nome do governador de São Paulo contra o do atual presidente, pode ter-se iniciado uma disputa plebiscitária pelo Planalto, uma espécie de Atletiba nacional, onde mais do que ser contra ou a favor de Lula, o eleitorado se dividirá na torcida pelo tipo de país que quer para seus filhos.

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