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O comércio exterior do Brasil apresentou novo recorde em 2005, com exportações de 118,3 bilhões e importações de 73,5 bilhões de dólares, perfazendo uma corrente de comércio próxima de 192 bilhões de dólares, com saldo de 44,7 bilhões. Esse bom resultado transforma em superávit os déficits anteriores no balanço de pagamentos, reduzindo o risco-país. Mas exportações robustas não bastam para sustentar o desempenho da economia nacional, que precisaria ser apoiado por outros números igualmente positivos nas contas internas; sem eles, o ano fechou com expansão de 2,5% no Produto Interno Bruto.

Para comparação, essa taxa chegou a 6,2% para o conjunto dos países emergentes; 4,5% para o mundo em geral e, mesmo no continente o avanço do PIB foi de 3,3%, segundo a Comissão Econômica para a América Latina. Com seus 2,5% o Brasil ficou acima apenas do Haiti (1,5%), dilacerado por uma guerra civil. A comparação com os países do bloco BRIC – os emergentes de grande escala, ou países-baleia – ainda é mais crítica: a Rússia cresceu 6%; Índia, 7%; e China, 9,8% revisados.

Os concorrentes do Brasil no conjunto (Brasil, Rússia, Índia e China) avançaram graças a vantagens próprias: a Rússia se beneficia dos preços internacionais de suas imensas reservas de petróleo e gás; a Índia se converteu num centro de prestação de serviços de tecnologia avançada (informática, internet, etc.), enquanto a China concentra o mais dinâmico parque de manufaturas. Esses países manejam tais fatores com realismo pragmático: a Rússia acaba de usar a "arma do gás" para elevar suas receitas; o efeito China e Índia (Chíndia, na avaliação de futurólogos) contribuiu para acelerar a globalização, com o preço baixo de suas manufaturas e serviços, demanda por insumos básicos e suas reservas financeiras.

O Brasil também se beneficiou da dotação de recursos naturais, com maciças exportações de minério de ferro e farelo de soja, mas também vendeu para o mercado externo bens manufaturados de média tecnologia, além de serviços de engenharia, informática e turismo. Foi um bom resultado, que assinala continuidade de esforços no comércio exterior, mas poderia ter sido melhor. Para o economista José Júlio Senna, o crescimento das exportações foi puxado pela atividade mundial, porém se quiser sustentá-lo o país precisa fazer a lição de casa. Tarefa que, para o líder empresarial Antônio Ermírio de Morais – colaborador desta Gazeta do Povo –, passa pela melhoria de nossa infra-estrutura, cuja precariedade chegou a um limite reconhecido pelo próprio ministro do Desenvolvimento. Só a melhoria desse e doutros fatores pode concretizar a previsão para o ano que se inicia: exportação de 132 bilhões de dólares.

Porém, mesmo com o empuxe de um comércio exterior robusto, o crescimento brasileiro em 2006 ficará aquém da taxa dos demais emergentes, em função dos desequilíbrios acumulados. A proposta de solução para tais questões, num quadro de responsabilidade, vai compor a plataforma dos candidatos que se apresentarão nas eleições deste ano.

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