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O presidencialismo é o sistema oficial de governo adotado pelo Brasil desde a promulgação da Constituição de 1891. Nele, o presidente da República exerce plenamente o Poder Executivo, acumulando as funções de chefe de Estado, de Governo e de toda a administração pública. Enfim, é a autoridade máxima com plenos poderes para nomear e demitir subordinados diretos, em particular aqueles detentores dos chamados cargos de confiança. Essa condição reconhecida pela letra da Constituição na vivência do dia a dia apresenta senões que muitas vezes chegam a extremos de por à prova a autoridade presidencial.

Desde o início do seu governo Dilma Rousseff vem convivendo com casos de corrupção em ministérios. A demissão de seis ministros e de assessores graduados por evidências claras de comportamento antiético exigiu da presidente ao mesmo tempo firmeza e muita negociação diante das pressões e ameaças de aliados contrários aos afastamentos. O caso da exoneração do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras de Combate à Seca, Elias Fernandes, ocorrida na quinta-feira, é um exemplo claro dessa realidade. Com uma arrogância fora de qualquer limite seu padrinho político, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), disse duvidar da demissão.

O argumento empregado por Alves: se Dilma estaria disposta a brigar com metade da República, referindo-se à condição do PMDB de maior partido do Brasil e um dos sustentáculos do governo. Ao líder peemedebista não interessava as denúncias que enredavam seu afilhado em desvios de R$ 192 milhões do Dnocs, e sim mantê-lo no cargo, utillizando para tanto o peso da agremiação. Recentemente o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, diante das denúncias de negociatas envolvendo sua gestão também amparou-se no apoio que a sua sigla, o PDT, dá ao governo para falar em alto e bom som que só sairia do cargo abatido à bala.

Demonstrações destemperadas desse naipe derivam, principalmente, dos excessivos compromissos partidários que os eleitos acabam assumindo quando das campanhas e que redundam no loteamento do governo entre os aliados. Então, o que normalmente se observa é uma autêntica farra de nomeações de apadrinhados, em boa parte sem a menor qualificação para o cargo em questão. Estão lá simplesmente para preencher a vaga e garantir o espaço político e os interesses de quem os indicou. Como quase sempre ocorre, o resultado dessa prática viciada são as inevitáveis negociatas envolvendo maus gestores públicos que se locupletam à custa do dinheiro público. Defenestrá-los do poder, ainda que ocorram resistências e mal-estar entre aliados é o caminho, doa a quem doer.

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