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Gasolina voltou a ser o item que mais influenciou o IPCA em setembro.
Gasolina voltou a ser o item que mais influenciou o IPCA em setembro.| Foto:

O IBGE divulgou, nesta quarta-feira, o IPCA de setembro, que veio ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado financeiro. A alta nos preços foi de 0,26%, apenas três centésimos de ponto porcentual acima da inflação de agosto, e 0,07 ponto abaixo das expectativas. No entanto, como o 0,26% de setembro substituiu uma deflação de 0,29% no mesmo mês do ano passado, o acumulado dos últimos 12 meses subiu mais de meio ponto porcentual, e agora está em 5,19%, acima do limite superior da meta de inflação para este ano, que é de 3,25%, com 1,5 ponto de tolerância para cima ou para baixo. A última vez que o acumulado havia rompido esse limite havia sido em fevereiro deste ano.

A análise dos grupos e produtos específicos, em que surgem os “mocinhos” e os “vilões” da inflação, também traz informações para todos os gostos. De positivo, indubitavelmente, há um recuo de 0,71% em “Alimentação e bebidas” – setembro foi o quarto mês seguido de deflação neste grupo. A queda de setembro foi puxada especialmente pelos itens do subgrupo “Alimentação no domicílio”, que caiu 1,02%, enquanto as refeições fora de casa e os lanches tiveram leve elevação, de 0,13% e 0,09% respectivamente. Por outro lado, os combustíveis continuam a ser fonte de preocupação: o diesel subiu 10,11%; a gasolina, 2,7%; e o gás veicular, 0,66%; apenas o etanol teve queda, de 0,62%.

Cada vez mais fica evidente o acerto da política monetária conduzida pelo Banco Central, que não se precipitou nem cedeu à gritaria de Lula e de outros integrantes do governo

A gasolina, que é o produto individual com maior peso no cálculo do IPCA, seguirá exigindo atenção especial por um bom tempo. O aumento autorizado pela Petrobras em meados de agosto não eliminou toda a defasagem entre os valores praticados pela estatal e os preços internacionais do petróleo, segundo as entidades que monitoram essa diferença. O recente ataque terrorista do Hamas contra Israel e a resposta israelense trouxeram consigo o risco de novos “minichoques” do petróleo, já que grandes produtores podem ser arrastados para o conflito, ainda que não diretamente: o Irã foi um dos patrocinadores do ataque, como admitiu o próprio Hamas, e a Arábia Saudita estava em estágio avançado de negociação para normalizar as relações diplomáticas com Israel, um processo que será inevitavelmente paralisado.

À medida que aumenta a preocupação com o petróleo e os combustíveis, diminui a preocupação com um número que o Banco Central monitora muito de perto para tomar suas decisões a respeito da taxa Selic: a inflação de serviços. Ela já esteve muito descolada do índice cheio, mas agora continua sua trajetória de convergência: se em agosto a inflação de serviços estava 0,82 ponto porcentual acima do IPCA no acumulado de 12 meses, esta diferença caiu para 0,35 ponto em setembro, isso apesar de este indicador ter subido 0,5% no mês passado, graças ao empurrão dado pelas passagens aéreas, um dos itens mais voláteis entre aqueles que têm peso mais significativo na conta.

Se não houver novos repiques inflacionários até o fim do ano e o IPCA se mantiver estável nos patamares atuais, são grandes as chances de que em 2023 a inflação finalmente fique dentro do limite de tolerância, após dois anos de estouro. Isso porque os últimos três meses de 2022 tiveram inflação de 0,59%, 0,41% e 0,62%, números que sairão da conta do acumulado para dar lugar às próximas inflações. Cada vez mais fica evidente o acerto da política monetária conduzida pelo Banco Central, que não se precipitou nem cedeu à gritaria de Lula e de outros integrantes do governo, e agora poderá conduzir um processo de afrouxamento monetário prudente – se o petismo gastador não cometer nenhuma grande barbeiragem com as contas públicas, por certo.

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