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Tsunamis arrasando cidades costeiras no Japão, nevascas fora do tempo nos Estados Unidos, inundações na Europa e na Ásia, geleiras derretendo nos polos e secas cada vez mais causticantes na África. No Brasil, se a situação não atinge as proporções de outras partes do mundo, as estiagens prolongadas em algumas regiões e o excesso de chuvas em outras atestam os desequilíbrios ambientais. O que está ocorrendo com o tempo é o que todos se perguntam, na busca de explicações para as significativas alterações climáticas pelas quais a Terra vem passando.

O tema, de transcendental importância para o futuro do planeta, volta à baila em Durban, África do Sul, com a realização, desde ontem, da 17.ª Conferência das Partes sobre o Clima (Cop-17). Apesar da sua relevância – a definição dos futuros acordos para a redução na emissão de poluentes responsáveis pelo efeito estufa –, o encontro não apresenta muitas perspectivas positivas de avanços. A começar pela manifesta má vontade de alguns países em assumirem metas obrigatórias de corte na emissão de gases poluidores na atmosfera. Encontram-se nessa situação os Estados Unidos, maior poluidor histórico do planeta, e a China, que hoje responde pelos maiores índices mundiais de poluição ambiental.

Outro complicador a conspirar contra os debates em Durban é o atual momento econômico mundial, fator que acaba freando o aprofundamento das ações em defesa do clima. Como observou o embaixador André Corrêa do Lago, enviado brasileiro à Cop-17, com a crise financeira, a preocupação com o planeta diminui, o que deixa os governos mais refratários aos investimentos em políticas ambientais.

É de se lamentar que isso ocorra diante da necessidade premente de o mundo assumir políticas globais consistentes que possam evitar o agravamento dos desequilíbrios climáticos. Até porque a conferência que se realiza na África do Sul tem uma importância capital na definição e implementação das metas da segunda etapa do Protocolo de Kyoto. Assinado em 1977, o acordo prevê para os países desenvolvidos metas obrigatórias de redução na emissão de gases poluentes. A primeira etapa do compromisso terá o seu término no ano que vem e o encontro de Durban é a oportunidade para que seja aprovada a segunda fase do plano. Mais uma vez o problema a ser superado são os Estados Unidos, país não signatário do protocolo firmado no Japão. A posição defendida pelos EUA é a formulação de um novo acordo global com metas antipoluentes também para os países emergentes, diferentemente do que foi definido em Kyoto, que contempla apenas os industrializados. Apoiada pelos países ricos, reconhecidamente os maiores poluidores, a proposta é rechaçada pelos chamados emergentes.

Diante do panorama de incertezas quanto a um possível sucesso nas negociações, a conferência de Durban também deve ser encarada como uma prévia para a Rio + 20, a ter lugar no Rio de Janeiro, em 2012. Promovida 20 anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen­­volvimento (Rio-92), o evento pretende renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta.

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