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Sabe-se, dos candidatos à Presidência, os nomes dos principais concorrentes, os partidos a que pertencem, um pouco do seu passado e outro tanto das experiências políticas e administrativas que já tiveram. Mas, quanto ao futuro, o que nos apresentam? Eis a grande incógnita que se coloca aos eleitores, que quase nada recebem de informações estruturadas ou desprovidas de convenientes roupagens publicitárias a respeito do que pretendem fazer pelo país se escolhidos pelo povo.

Marina Silva (PSB), apesar das mudanças feitas em seu plano, talvez por conveniências eleitorais, pelo menos se dispôs a apresentar uma plataforma consolidada; Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) nem isso fizeram, contentando-se com as "linhas gerais" entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando da homologação de suas candidaturas. Aécio promete o documento definitivo para segunda-feira, dia 29, mas já descumpriu promessas semelhantes.

Quer em entrevistas à imprensa, quer nos programas do horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê, os candidatos acabam dedicando-se principalmente a ataques mútuos, ao terrorismo eleitoral – basta perceber quantas vezes já se insinuou que este ou aquele candidato, se eleito, vai acabar com benefícios sociais, mexer em direitos trabalhistas ou privatizar o que encontrar pela frente, ainda que o candidato em questão não tenha dito absolutamente nada a respeito – ou a divulgar pontos desconexos do suposto plano que pretendem imprimir se conquistarem o mandato presidencial.

Esse vácuo, que persiste mesmo faltando apenas uma semana para o pleito, pode ser explicado de várias maneiras. Ou os candidatos de fato não têm plano algum digno da definição técnica que se atribui a ele; ou não apresentam projetos consistentes e contextualizados em torno dos grandes objetivos nacionais porque não pretendem se comprometer, para depois não serem cobrados pelo eventual descumprimento; ou não apresentam suas plataformas justamente para evitar o que aconteceu com Marina, que, ao fazer por escrito as suas propostas, passou a ser alvo do processo de desconstrução exatamente por tê-lo feito.

Seja qual for o motivo, tornam-se os candidatos responsáveis por não oferecer à população referências sólidas que a auxiliem no processo de escolha – justamente o que há de mais essencial na prática do voto popular e direto no regime democrático e republicano. Diante do vazio de ideias ou da sua transmutação ao sabor das percepções mercadológicas (e eleitoreiras), privam-nos da possibilidade de votar naquele mais comprometido com os nossos próprios ideais. Na verdade, dão demonstração não só de sua falta de compromissos com o interesse público como também de desrespeito pelos milhões de eleitores obrigados a comparecer às urnas.

Talvez ainda mais grave do que a vacuidade de programas de governo, no entanto, seja o fato de que o eleitor aparentemente não está fazendo questão de conhecer planos, transmitindo aos candidatos uma mensagem nefasta, a de que, realmente, ter planos é o que menos interessa.

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