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A operação Tolerância Zero foi a maior do gênero já realizada no Sul do país. Resultou em dezenas de prisões por crime ambiental, multas, fechamento de 35 serrarias e apreensão de grande quantidade de madeira, basicamente araucária. Foi, sem dúvida, um poderoso golpe no esquema de desmatamento ilegal que persiste em todo o país, tanto que trouxe ao Paraná o ministro Celso Minc, do Meio Ambiente.

Em um assentamento de Quedas do Igua­­çu, região Sudoeste, Minc explicou que o objetivo é reprimir a atuação criminosa de madeireiras que extraem e comercializam o produto de forma ilegal em municípios de diferentes regiões do estado, bem como promover o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da presença do Estado na região por meio de políticas públicas.

Segundo ele, foi desmontada uma poderosa rede que operava no Paraná e isso seria "muito simbólico porque envolve violência, corrupção e crimes ambientais". A área, que já pertenceu à fazenda Giacomet Marodin e foi considerada "o maior latifúndio contínuo da região Sul do Brasil", de acordo com o Incra, continuará merecendo atenção especial. Ou seja, a região vai receber apoio financeiro e tecnológico para que os assentados possam recuperar as áreas de proteção permanente e reservas legais, adequando as propriedades a um modelo sustentável. Já os responsáveis pelos crimes ambientais serão processados e, se condenados, obrigados a recuperar a área degradada com o replantio de araucária.

O relatório da Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente, que coordenou as ações da Operação Tolerância Zero, os acusados invadiram a área e expulsaram fa­­mílias assentadas. Associações de madeireiros da região, na outra face da moeda, exploravam e comercializavam madeira extraída do assentamento, uma área de plantação de araucária, de patrimônio da União.

E confirmou-se o que já se sabia: na maioria dos assentamentos rurais não existe o conceito de desenvolvimento sustentável. Daí o repto lançado pelo ministro a ele mesmo, a seu ministério, ao Incra e outros órgãos dos governos federal e estadual, além das prefeituras: transformar o Projeto de Assentamento (PA) Celso Furtado, de Quedas do Iguaçu, em exemplo de uma reforma agrária sustentável.

A passagem do ministro pelo Sudoeste serviu também para a assinatura de um protocolo de intenções para recuperação am­­biental das áreas de preservação permanente e reserva legal em 49 projetos de assentamen­­to da região. Os novos projetos seguem a li­­nha de preservação ambiental, incluindo novas modalidades como o Projeto de Assen­­tamento Agroextrativista, o Projeto de De­­sen­­volvimento Sustentável e o Projeto de Assentamento Florestal. O objetivo é executar uma reforma agrária que seja igualmente um grande programa ambiental, capaz de contribuir, efetivamente, para a conservação da sociobiodiversidade.

A ideia do ministro é que haja "o casamento entre a reforma agrária e a ecologia". No caso do PA Celso Furtado é preciso destacar também que ele fica sobre o maior reservatório de água doce subterrânea do mundo – o Aquífero Guarani – e na Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu, a maior do Paraná.

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