| Foto: Cortesia da Rádio Pioneira Pinhão

Desde a manhã da última quarta-feira, manifestantes com apoio do Movimento dos Sem-Terra (MST) têm promovido bloqueios em estradas na região Centro-Sul do Paraná. Os alvos preferenciais são rodovias estaduais que cortam a área, e o motivo alegado para os protestos é a realização de ações de reintegração de posse na região. Mas os métodos usados pelos posseiros apoiados pelo “exército de Stedile” não são apenas desproporcionais; são pura e simplesmente ilegais.

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Prova de que os posseiros e os sem-terra ultrapassaram qualquer limite aceitável foi o fato de a cidade de Pinhão ter sido praticamente isolada na noite de quinta-feira, quando um bloqueio na PR 170 e outro na PR 459 impede que veículos entrem e saiam do município, com exceção de ambulâncias. Restam apenas pequenas estradas rurais de terra, mas elas estão em condições precárias depois das chuvas que caíram na região. Depois de alguma negociação, os manifestantes concordaram em alternar os bloqueios, liberando uma estrada enquanto permanecem impedindo o trânsito em outra.

Bloqueios de estradas são atitudes que abusam da força bruta para impedir direitos dos demais

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Que uma situação como essa se perpetue dessa maneira é um sintoma trágico de que até mesmo as autoridades, a quem compete garantir que todo cidadão possa exercer direitos básicos como o de ir e vir, parecem compactuar com métodos autoritários. Bloqueios de estradas são atitudes que abusam da força bruta para impedir direitos dos demais. E, como já afirmamos nos casos das invasões de escolas e plenários legislativos, nem mesmo a causa mais nobre justifica o uso da força para se fazer valer. Estamos diante de um abuso do direito à manifestação, e o apoio que esse tipo de ação recebe de políticos, entidades da sociedade civil e formadores de opinião mostra que o apreço pelas vias democráticas de resolução de conflitos continua em queda livre.

E isolar cidades nem é o lado mais grotesco do repertório dos sem-terra. Basta lembrar as cenas registradas pelos próprios manifestantes há pouco mais de um mês, quando invadiram propriedades rurais no município baiano de Correntina e deixaram para trás um rastro de destruição, com instalações incendiadas e maquinário depredado – em um dos vídeos, postes de energia elétrica são derrubados um atrás do outro, em um efeito dominó. Por mais que o MST tenha negado envolvimento direto no episódio, é inegável que os invasores de Correntina aprenderam com a cartilha da organização, que em suas rotineiras ações de invasão não poupa nem mesmo instalações de pesquisa agropecuária, destruindo anos de trabalho de cientistas.

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Que o poder público se disponha a negociar enquanto as estradas continuam bloqueadas é um desrespeito ao cidadão prejudicado pelas ações autoritárias dos sem-terra. Correto seria o inverso: que as rodovias fossem primeiro liberadas, em um ato de boa vontade, como condição para que as autoridades possam ouvir as reivindicações dos posseiros, não se descartando a própria via judicial – o que parece já estar em curso, pois, segundo o deputado estadual petista Tadeu Veneri, as reintegrações de posse já teriam sido suspensas pela Justiça. Quando bloqueios que isolam uma cidade passam a ser aceitos como normais e o poder público deixa que a situação se arraste a pretexto de negociar com quem retira direitos dos demais, os autoritários já venceram e o cidadão comum já perdeu.

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