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A taxa de investimentos no Brasil deve crescer 2,2%, subindo para 22,7% do PIB em função do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), compensando a baixa taxa apurada no ano passado, porque o investimento em capital fixo é um dos principais fatores para elevar a expansão econômica – hoje girando em torno de 1,9% a 2,8%, segundo estimativas de fontes independentes ou do governo. A notícia, positiva, significa ampliar esse componente para 4,5% a 5% com os esforços do plano de estimulação. Mas há outras condições para o país voltar a crescer, como a produtividade e a inovação, além de um ambiente de negócios favorável.

A melhoria da taxa de investimentos depende de aplicações em obras, previstas pelo governo federal até 2010 em R$ 503 bilhões, envolvendo os setores de petróleo e gás, energia elétrica, ferrovias, saneamento e habitação, entre outros. Com isso a taxa de formação bruta de capital, que fechou 2006 em 20,5% do Produto Interno Bruto, poderá ter um aumento de 2,2%, subindo para 22,7% do PIB. Entre 2002 e 2005 a participação dos investimentos nesses cinco setores básicos foi de 2,38% do PIB, segundo a Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES.

Com as medidas anunciadas pelo governo, essa taxa média poderia praticamente dobrar para 4,5% no período entre 2007 e 2010. As projeções são ambiciosas: mais 362% em geração de energia elétrica; mais 110% em transmissão; mais 80% em petróleo e gás; além de esforços equivalentes em oferta de habitação e saneamento – tidos como relevantes para a redução de desigualdades regionais e sociais.

Só que pode haver otimismo demais nas cifras apresentadas, reclamam entidades empresariais e especialistas. Na energia elétrica, por exemplo, os investidores privados assinalam que as projeções de crescimento da oferta, necessárias para evitar o risco de "apagões" a partir de 2008, esbarram no cumprimento dos prazos previstos para licenciamento, início das obras e inauguração das usinas hidrelétricas, térmicas a gás e linhas de transmissão. Como dependem de questões ambientais e de um cenário competitivo para atrair investimentos privados, a lógica da incerteza predomina.

O problema do PAC começa na própria burocracia governamental; passado um mês do lançamento solene do programa, ainda não foram publicados os regulamentos necessários ao seu deslanche efetivo. Outra entidade, o Centro de Indústrias de São Paulo, divulgou pesquisa mostrando que os impostos preocupam mais do que os juros: com uma carga global rondando os 40% sobra pouco ânimo para investir, mesmo que o governo de fato reduza os ônus fiscais para os setores incentivados no PAC.

Já o economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, lamenta as incertezas lançadas sobre a concessão de rodovias em função da existência no governo de alas radicais que se opõem ao investimento privado. Para ele, a sociedade precisa se dar conta de que, sem uma orientação firme, o Brasil não cresce, ficando na lanterna das grandes economias emergentes.

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