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A marca da miséria em R$ 70 é um valor conservador, mas, dizem, passível de reajuste e, se tudo der certo, um santo remédio para nada menos do que 16,2 milhões de brasileiros. Equivale a 8,5% da população, divididos majoritariamente no Nordeste, onde moram 9,6 milhões de pessoas em "pobreza extrema". A contar pelos dados divulgados pelo próprio governo, o país tem 4,8 milhões – duas Curitibas e meia – que não ganham nada, e outros 11,4 milhões recebendo entre R$ 1 e R$ 70 por mês. A esses cabe acudir sob o risco de ver naufragar nossos planos de desenvolvimento.

Há uma guerra a vencer e ela passa pela dimensão monstruosa da pobreza, cujo custo humano e social beira o irrecuperável. Como diz o sociólogo Alberto Carlos Almeida – autor de A cabeça do brasileiro e A cabeça do eleitor – o Bolsa Família é, no fundo, a aposentadoria da grande massa de excluídos do Brasil. Essa massa continua a se formar, sustentando nossa dívida social.

Há gerações que não ganham dinheiro e não têm como. Sem reação rápida, vai ser preciso manter esse sistema de bolsas ad infinitum, mantendo mais uma leva de brasileiros na dependência do sistema de bolsas. Os "setenta" de Dilma podem ser pouco. Mas estão longe de ser um engana-olhos. São objetivos e permitem que a sociedade acompanhe essa história não com misericórdia apenas, mas com a certeza de estar construindo um país. Eis a riqueza.

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