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Os recentes escândalos de corrupção nos Ministérios dos Transportes, Agricultura e Turismo vêm causando muita dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff. Pela dimensão das falcatruas patrocinadas por gente graúda daquelas três pastas, o único caminho que se espera é a realização de uma faxina geral como forma de restabelecer a credibilidade e a ética do governo, maculadas por gestores ávidos de cobiça pelo dinheiro público. Nesse sentido algumas providências já foram tomadas, haja vista a penca de demissões – 27 no total – nos Transportes e três, por enquanto, na Agricultura. No âmbito do Turismo, 36 pessoas foram presas pela Polícia Federal sob suspeita de desviarem milhões através de convênios com ONGs de fachada.

Enquanto Dilma dá uma resposta à sociedade com a defenestração de maus servidores públicos, por outro lado a limpeza vem provocando um efeito contrário pelos lados do Congresso Nacional, com os caciques dos partidos que compõem a base aliada mostrando-se descontentes com a saída dos apadrinhados de postos-chave. A consequência desse mal-estar parlamentar tem sido expressada através de ameaças veladas insinuando existir risco à governabilidade do país se Executivo e Legislativo não falarem a mesma língua. Diante da gravidade dos desmandos vindos à tona e da reação de políticos e partidos com os interesses contrariados, algumas considerações se fazem necessárias.

A primeira e mais importante delas é que a presidente Dilma Rousseff deve prosseguir nessa cruzada moralizadora em defesa do seu governo, doa a quem doer. Nem mesmo o argumento comumente utilizado nos corredores e gabinetes dos deputados e senadores de impasse de relações, caso as demissões continuem, pode ser aceito. Face o presidencialismo de coalizão que prepondera no Brasil, o mandatário eleito acaba sendo um autêntico refém dos acordos partidários que deságuam num loteamento perverso do governo, e Dilma também padece desse mal. Apesar das dificuldades do fogo amigo, é importante que as ações moralizadoras tenham prosseguimento, abrindo, quem sabe, a perspectiva de um novo patamar ético na administração pública e nas relações entre o Planalto e o Congresso.

Nessa empreitada sinais positivos estão aparecendo, como a manifestação de alguns senadores nesta semana em defesa das ações do governo no combate à corrupção. A propósito, foi emblemático o pronunciamento do senador Pedro Simon (PMDB-RS), apelando para que Dilma continue apurando o que deve ser apurado e que chantagens, venham de onde vierem, não sejam admitidas. No mesmo tom o colega Cristovam Buarque (PDT-DF) lamentou que Dilma receba ameaças em vez de ajuda, destacando que o governo passa por uma crise moral que deve ser transformada em oportunidade de mudanças. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reempossado segunda-feira no cargo, destacou que o Ministério Público Federal dará tratamento prioritário à apuração das suspeitas de corrupção.

Como se vê, Dilma não está acuada como pretendem alguns insinuar, sem falar no apoio que desfruta da opinião pública, o que é de capital importância se precisar se confrontar de forma mais incisiva com os insatisfeitos. Esse apoio foi ratificado ontem com a divulgação dos resultados da pesquisa CNT/Sensus, dando conta de que 61,3% da população têm uma expectativa positiva em relação à gestão da presidente. Respaldo, portanto, não falta para a continuidade das medidas moralizadoras que redundarão, sem dúvida, em benefício para o governo e, principalmente, para o Brasil.

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