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Barack Obama deixou ontem o Brasil rumo ao Chile, a segunda escala de sua viagem pela América Latina. Durante a permanência em Brasília e no Rio de Janeiro, o presidente norte-americano cumpriu agenda que mesclou compromissos oficiais e sociais. Agora, as atenções se voltam para uma análise em torno dos resultados práticos que virão de sua visita, mais especificamente dos pleitos brasileiros colocados na pauta das conversações. Do ponto de vista diplomático e protocolar, a visita de Obama seguiu o script que se esperava: elogios ao bom momento político e econômico do Brasil, assinatura de acordos bilaterais de cooperação e a disposição de se trabalhar para aparar arestas em particular no tocante ao intercâmbio comercial entre os dois países.

Mais do que as intenções explicitadas e os acenos de boa vontade manifestados pelo presidente Obama, a sua visita deve ter a relevância avaliada sob o ponto de vista de um novo ciclo nas relações Washington-Brasília. O crescente protagonismo brasileiro no mundo globalizado e a condição de estar a caminho de se consolidar como a 7.ª economia do planeta faz do país um interlocutor cada vez mais influente. A partir desse entendimento, a visita do mandatário norte-americano sinaliza de forma clara o propósito dos Estados Unidos de trabalhar por uma aproximação ainda maior com o Brasil.

O novo momento que se prenuncia no diálogo bilateral entre os dois países pode abrir, no futuro próximo, a possibilidade de avanços em pendências que se arrastam há anos. Assim é que Obama leva na mala, na viagem de regresso à Casa Branca, a reivindicação brasileira por maior abertura à entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos, em razão das barreiras alfandegárias e dos subsídios existentes. Situação essa que acabou concorrendo para que a balança comercial apresente-se hoje totalmente desfavorável ao Brasil em US$ 7,73 bilhões. A presidente Dilma Rousseff no pronunciamento de boas-vindas ao presidente norte-americano, em Brasília, deixou patente o desconforto do governo brasileiro com esse desequilíbrio, manifestando a esperança de mudanças nas regras vigentes. Em particular com relação ao etanol, a carne bovina, o algodão, o suco de laranja e o aço, o que poderá vir a se concretizar com a formalização da criação de uma comissão bilateral que terá entre seus objetivos justamente reduzir as barreiras comerciais atualmente existentes.

Questão mais delicada, e que demandará gestões mais prolongadas, diz respeito à reivindicação do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Retornando às boas intenções que marcaram sua visita, Obama manifestou o seu "apreço" à aspiração brasileira, que ganhou maior ênfase nos oito anos do governo do presidente Lula. A declaração, entretanto, ainda que positiva, não tem a força de um apoio explícito como era o esperado pelo governo brasileiro. Apenas para lembrar, em novembro de 2010, em visita à Índia, o presidente norte-americano disse claramente esperar ver o país indiano integrando o Conselho de Segurança.

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