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O fato político mais importante do dia será a posse de um novo Congresso, Senado e Câmara, seguida da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, em que três concorrentes – os deputados Aldo Rebelo, Arlindo Chinaglia e Gustavo Fruet – disputam um mandato de dois anos. A recondução do atual presidente Aldo Rebelo, originário do PC do B, foi bloqueada com a candidatura do deputado Chinaglia, indicado pela bancada do PT; mas ambos enfrentam o paranaense Fruet que, lançado originalmente pelo "Grupo da Terceira Via", ganhou apoio formal do PSDB.

A evolução da campanha interna naquela Casa de Leis acabou afetando a unidade da "base de sustentação do governo", com a troca de críticas ácidas entre os contendores. Em debate realizado segunda-feira, o deputado Aldo Rebelo expôs a vinculação de Chinaglia com parlamentares envolvidos em escândalos que desgastaram o Congresso. Mas sua principal acusação: a candidatura do líder situacionista gera uma concentração de poder "não prudente" em mãos do PT – que já dispõe da Presidência da República e dos principais ministérios.

Para os partidários de Arlindo Chinaglia, a gestão anterior do presidente Rebelo também tem defeitos, entre eles o constrangimento de pretender aprovar "no tapetão" um aumento de 90% nos salários dos congressistas. Tais acusações chamaram a atenção da opinião pública, beneficiando a candidatura alternativa do deputado Fruet, que soube formular propostas claras, realçando valores éticos. A nova candidatura, além de elevar o nível do debate, empurra a decisão para um segundo turno que anula, em parte, o favoritismo dos pretendentes principais.

Porém melhorar as credenciais do Parlamento será um esforço hercúleo enquanto persistir o voto proporcional em lista partidária aberta. Tanto que ontem mesmo um partido novato, gerado pela fusão de duas legendas contaminadas pelo escândalo do "mensalão", ganhou de um fôlego mais 11 deputados. Esse artifício de migrar de um partido colocado na oposição para uma legenda da "base de apoio" ressalta a importância de reduzir trocas que corroem a imagem do Congresso e a legitimidade de sua representação.

De toda forma – assinala o professor Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília –, a eleição de hoje já produziu o primeiro resultado: o compromisso de todos os postulantes em apoiarem a limitação das Medidas Provisórias, meio de recuperar parte da autonomia parlamentar e que, conjugado com outras reformas, ajudará a sanear nossa prática política.

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