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A inflação foi contida em 2005, marcando taxa de 5,6% ao fim do ano no Brasil, segundo o índice IPCA medido pelo IBGE ou 4,95% no estado de São Paulo, conforme a Fipe/USP. Mas o esforço requerido da sociedade foi penoso, resultando num crescimento econômico reduzido de 2,4%, ante 4,9% no ano anterior. Por isso, apesar dos dados positivos no controle inflacionário, o país poderia ter sido mais bem-sucedido se o governo tivesse sabido conciliar a estabilização de preços com crescimento das atividades econômicas.

Esse processo equilibrado requer elevado perfil de gestão nas funções macroeconômicas, em que as autoridades de um lado tomam medidas acauteladoras da inflação e, de outro, apóiam a marcha regular das atividades produtivas. Ausente tal padrão de governança, a economia acaba funcionando por inércia, como ocorreu na prática durante o período encerrado em dezembro último.

Além dessa questão, o país sofreu distorções nos indicadores econômicos em uso, como a sistemática dos índices gerais de preços com componente cambial da Fundação Getúlio Vargas. Tal modelo vem sendo questionado há tempos, ensejando o lançamento de outro medidor, o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, que passou a dosar oficialmente a inflação no país. Mas se os indicadores da FGV pecam por juntar influência cambial de matérias-primas importadas a preços de atacado, embutindo tabelas de preços cheias que não chegam ao preço final de varejo, os demais índices também falham por dar peso excessivo a indicadores brutos sem descartar fatores sazonais.

Assim, a taxa de inflação que corrige contratos habitacionais muitas vezes é distorcida pela alta estacional do preço das verduras durante o inverno. Esse e outros fatores afetam os preços para usuários que nada têm a ver com tais situações esporádicas ou localizadas. O uso de tais índices nas recentes transferências de empresas estatais para o setor privado, mais a inércia burocrática, levaram os preços administrados a acusar taxa 3,5 vezes superior à inflação dos preços livres – acusa estudo da Secretaria de Acompanhamento Econômico do próprio governo.

Há outros problemas: o custo da cesta básica foi o dobro da inflação geral (13,48% em Curitiba), mostrando distorções que precisam ser enfrentadas, sob pena de darmos razão aos pessimistas que limitam o crescimento potencial do PIB brasileiro a níveis medíocres de menos de 2,5%. Ao lado de um esforço de regulação para tarifas de transporte, água e outros preços públicos, o governo precisa pôr empenho na correção de gargalos que jogam os preços para cima ao menor sinal de expansão da demanda – como começou a agir na atual especulação do álcool combustível. Esse trabalho passa por investimentos, racionalização de processos, produtividade e enxugamento de custos – como fizeram as empresas privadas para conter a concorrência dos importados e do comércio ilegal.

Que tal, começar pela efetiva recuperação dos meios de transporte?

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