• Carregando...

A trágica lição dos efeitos da pandemia da gripe A que se espalhou pelo planeta desde que apareceu pela primeira vez no México, em abril deste ano, causando até agora mais de 4,5 mil mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), está exigindo planejamento e visão de longo prazo nas ações de prevenção e combate ao vírus H1N1. A decisão do presidente Barack Obama, de declarar emergência nos Estados Unidos, na semana passada, por causa da gripe suína, tem precisamente esse sentido.

Adotadas antes da chegada do inverno no Hemisfério Norte, as medidas preventivas contra a gripe suína adotadas nos EUA devem facilitar as ações de prevenção e dar maior agilidade ao atendimento aos doentes. Com a declaração do estado de emergência, foram tomadas providências práticas, como o aumento da capacidade de hospitais, médicos e postos de saúde para atender à demanda por tratamento em um eventual novo pico de infecções pelo vírus H1N1.

A operação faz todo o sentido. Os Estados Unidos são o país com o maior número de infecções e mortes pelo vírus da gripe desde o início da pandemia. Mais de mil pessoas já morreram em decorrência de complicações, entre elas dezenas de crianças. Com a proximidade do inverno, teme-se uma nova onda da doença.

A OMS diz não ter informações seguras pa­­ra avaliar o potencial de contaminação no inverno que se aproxima no Hemisfério Norte. Para a organização, só com a efetiva chegada da estação será possível observar como a contaminação da gripe vai ocorrer. Entre as falhas e os acertos na luta contra o H1N1, há uma certeza entre os especialistas: a nova gripe deve permanecer por longo tempo no planeta.

Toda a ação preventiva ocorre enquanto não se torna realidade a esperança de uma erra­­dicação por meio de uma vacina eficaz. Muitos esforços nesse sentido têm sido feitos no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, por exem­­plo, apenas cerca de 30 milhões de do­­ses da primeira vacina disponível estão no mercado durante o outono, bem abaixo da es­­timativa inicial de 40 milhões. Na Grã-Bretanha, só pacientes de hospitais em estado grave, médicos e enfermeiros serão os primeiros a receber a vacina, dos 14 milhões de pessoas identificados como "grupo prioritário". Por aqui, doses em massa só chegam em 2010. Depois disso, ainda restará ainda comprovar a eficácia da imunização em larga escala.

Diante das incertezas, a saída é apostar alto na prevenção, como fez Obama, numa decisão que deveria servir de exemplo para outros países. É o contrário do que tem ocorrido no Bra­­sil. Fomos do alarmismo dos dias de inver­­no ao absoluto esquecimento do tema com a chegada da primavera. Tal como a cigarra da fábula, não estamos nos preparando para o inverno que há de vir. A uma distância temporal segura da ameaça, é preciso aproveitar para espalhar pelo Brasil um grande remédio contra as doenças infectocontagiosas: a informação. Sem pânico, com planejamento e ações preventivas é possível evitar, agora e no futuro, a perda maciça de vidas humanas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]