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A inflação de 2006 ficou em 3,14%, a menor taxa desde 1998, mas o crescimento econômico não passou de 2,78%, também um dos menores entre os países emergentes. A análise desses dois indicadores é que, se o Brasil conseguiu superar a cultura que via a espiral de preços com naturalidade, doutro lado não soube encontrar a via para um desenvolvimento sustentável. Esse padrão contido nos atrasa em relação ao grupo de nações que souberam equilibrar esses fatores e crescem com estabilidade de preços.

Para comparação, em 2005 a taxa inflacionária chegou a 5,69% e, para o corrente ano a projeção dos especialistas é de 4,02% enquanto o Banco Central admite uma expansão de preços de até 4,5%. Por isso reajustes verificados neste início de 2007 (alimentos, produtos de supermercado, etc.) não causam preocupação para o IBGE, sendo considerados pontuais. Com inflação de 4,82% no ano passado, Curitiba foi exceção, confirmando persistirem aqui deseconomias de escala – entre elas a precariedade da BR-116 e de outras vias de transporte de bens.

O problema é que se não há risco de a inflação sair do controle, também inexistem perspectivas de crescimento na economia. A previsão governamental, antes de 5%, acabou baixando a um nível mais realista – entre 3% e 3,5%. Após documentar que o Brasil teve o penúltimo índice de expansão entre 25 países emergentes, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico alerta que nossos indicadores de desempenho não autorizam previsão mais robusta para 2007. A ONU, por sua vez, projeta um avanço do PIB em 3,5%, dentro de perspectiva geral também modesta para a América Latina.

Para o desempenho tênue do país contribuíram fatores que afetaram a produção industrial, a expansão da agropecuária e a redução do dinamismo das exportações. Para 2007, a análise não muda, persistindo gargalos internos e mudanças na conjuntura internacional. No segundo caso estão a redução no ritmo das economias americana e européia, sua repercussão nas exportações da China e conseqüente pressão sobre países exportadores de matérias-primas como os da América Latina.

Porém nossos maiores problemas estão no cenário interno, com a persistência de bloqueios à modernização da base produtiva. Analistas econômicos respeitados como Delfim Netto, Eliana Cardoso e David Kupfer assinalam que nossa produtividade vem se distanciando da média mundial, travada por fatores como estratégia defensiva ante a globalização, deficiências logísticas e carga fiscal desnivelada.

A tais aspectos explicitamente econômicos (juros desalinhados, baixa taxa de investimentos, etc.) se somam agora fatores institucionais, como a polêmica desencadeada em círculos governamentais sobre o modelo de recuperação da malha rodoviária. Somando-se à indefinição em torno das agências reguladoras, esse ambiente desfavorável aos negócios torna os investidores ainda mais reticentes, distanciando-nos do vigoroso crescimento da Índia, China e outros competidores do Brasil no cenário internacional.

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