Nos últimos 15 anos, a taxa de homicídios no Brasil cresceu 32%, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz parte dos "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010", divulgados no início do mês. Os números mostram que a taxa de mortes por homicídio no país aumentou de 19,2, em 1992, para 25,4, em 2007, a cada 100 mil habitantes. Hoje, constata o IBGE, os estados do Nordeste são mais violentos que os do Sul e do Sudeste. Em Alagoas e Pernambuco, as mortes por homicídios atingem as elevadíssimas cifras de 59,5 e 53,3 a cada 100 mil pessoas, respectivamente. Enquanto no Paraná chegaram a 29,5, no Rio Grande do Sul a 24,3 e em Santa Catarina a 10,4. O Paraná, portanto, é o estado mais violento do Sul.

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Os indicadores do IBGE também abrangem mortes em acidentes de transportes terrestres, aquáticos e aéreos, independentemente se ocorridos em via pública ou não. Quando a pesquisa compara regiões, o Sul é o único no qual o número de mortes por acidente de transporte supera o de homicídios: 26,2 e 21,4, respectivamente. Já no trânsito, no Paraná, morrem por cada 100 mil habitantes 30,4 pessoas – coeficiente maior que o nacional (20,3) e regional (26,2). Esse indicador é pelo menos dez vezes maior entre os homens (55,1) do que entre as mulheres (4,5), no estado. Da mesma forma, o Paraná também se destaca neste quesito do quadro negro da violência nacional.

É evidente que todo o país vem sofrendo com esse mal, diante do agravamento dos problemas urbanos, especialmente nas grandes periferias. Nos transportes, o aumento do tráfego em geral e, em especial, o crescimento vertiginoso do fluxo de veículos nas grandes cidades e rodovias, elevou o risco de acidentes e mortes.

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No caso da violência, está claro mais uma vez, mostram os números do IBGE, que os estados que menos investiram em segurança vêm apresentando os maiores índices de criminalidade. No Nordeste, é preciso ressalvar que, infelizmente, o elevado índice de pobreza potencializa as estatísticas negativas. No Sul, sendo estados equilibrados do ponto de vista social e econômico, fica evidente essa hipótese para explicar a disparidade entre o Paraná e seus estados-irmãos: têm faltado visão e competência do poder público para combater a violência.

Quem já admitiu isso com todas as letras foi o coronel Aramis Linhares Serpa, secretário da Segurança Pública do governo Orlando Pessuti. Disse ele que uma das causas principais do avanço da criminalidade no estado é a falta de policiais civis, militares e peritos. O estado tem um déficit da ordem de 50% na Polícia Civil (são necessárias abrir pelo menos mais 2 mil vagas) e na Polícia Militar de 20% (é preciso contratar mais 4 mil PMs). "O estado em que se encontram o Instituto Médico Legal e o Instituto de Criminalística do Paraná são exemplos reveladores desta situação. São órgãos que ficaram esquecidos e não foi dada a importância que eles merecem para elucidação dos delitos e a configuração das provas. O laudo é fundamental para prova e condenação do marginal", declarou o coronel recentemente à Gazeta do Povo.

Embora a sociedade saiba que as causas da violência são bem mais amplas do que a falta do aparato de segurança, as estatísticas da criminalidade estão aí para mostrar que a ineficiência da política de segurança tornou Paraná um dos estados mais violentos do país. Os candidatos ao governo do estado, neste momento, estão prometendo, para angariar votos, mundos e fundos nesse campo, mas a sociedade também sabe que isso não poderá ser feito de uma hora para outra. Assim, o Paraná ficou para trás e, terrivelmente, muita gente perdeu a vida por causa disso.

Só uma política abrangente e saneadora dos déficits históricos da segurança, a médio e longo prazos, independentemente das cores administrativas, poderá mudar esse quadro, com substância e fazendo justiça à história do estado. Se o futuro governador não enfrentar com seriedade e coragem esta realidade, não só estará traindo a confiança depositada pelos cidadãos paranaenses, mas perderá o bonde da história.