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O governo federal parece estar disposto a encarar de forma mais efetiva a epidemia de crack que se espalhou pelo país. Nesse sentido, o Ministério da Saúde lançou nesta semana um segundo plano de enfrentamento da droga com a destinação de recursos da ordem de R$ 4 bilhões até 2014. No comparativo com o programa anterior, que contou com investimento de R$ 400 milhões na prevenção e repressão, os R$ 4 bi de agora abrem a perspectiva de resultados mais consistentes.

As ações anunciadas preveem algumas novidades, como os consultórios de rua que irão ao encontro do dependente, as enfermarias especializadas no SUS e a internação compulsória do viciado quando necessária. Medidas que devem ser encaradas como positivas, mas que não resolvem de imediato algumas deficiências crônicas já por demais conhecidas. A começar pela carência de leitos à internação e a falta de pessoal especializado para o atendimento dos pacientes. A isso tudo se soma a precariedade do policiamento que é feito nas fronteiras brasileiras, situação que contribui para a entrada de crescentes quantidades de drogas no país. Entorpecentes que chegam aos pontos de distribuição de variadas formas, ainda que operações policiais resultem com frequência na apreensão de grandes lotes de drogas.

Recentemente a Confederação Nacional dos Municípios divulgou pesquisa mostrando que as drogas, em particular o crack, estão presentes em mais de 90% das cidades brasileiras. Mostrou ainda o levantamento que 63% delas não estão aparelhadas para prestar assistência médico-hospitalar aos pacientes. Além disso, na percepção de 58% dos gestores municipais ouvidos, existe uma relação direta entre o consumo de drogas e o aumento da violência urbana. O resultado dessa realidade perversa é a ocorrência cada vez mais frequente de furtos, assaltos à mão armada, assassinatos, violência doméstica e vandalismo. Crimes que normalmente são cometidos sob o efeito de alguma substância tóxica.

Vem da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados outro levantamento que reitera a gravidade do problema do crack. Segundo o estudo, os brasileiros estão consumindo por dia entre 800 kg e 1,2 tonelada da droga, com um gasto diário per capita que beira os R$ 25,00 em média.

Com o alastramento do crack e outras drogas, as ações governamentais, embora fundamentais, devem ser complementadas pela ativa presença da sociedade na busca de soluções. A participação em conselhos antidrogas, a busca de orientação em centros de atendimento social e psicossocial e a discussão do problema no âmbito familiar, nas escolas, igrejas, clubes de serviço e similares, ajudam a esclarecer e orientar. É importante salientar o papel que têm as famílias no esforço de prevenção às drogas no recinto do lar; o diálogo, a ênfase aos valores humanos fundamentais, a valorização da saúde e da vida podem funcionar como freios à derrapagem para o vício. Nas escolas, são os professores que têm um papel importante a cumprir, observando e orientando os jovens sobre os malefícios das drogas.

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