| Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Quando um país está diante da necessidade de aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir o desemprego, são importantes e decisivas as atitudes de empresários, investidores e organismos financeiros na decisão de elaborar projetos, desenvolver ideias, identificar necessidades e fazer investimentos e negócios. O Brasil está na situação de não poder perder tempo, pois a recessão foi pesada, o PIB caiu 7,4% em três anos, o desemprego aumentou expressivamente e o objetivo maior de elevar o PIB depende de mais investimentos, mais negócios e mais empresas.

CARREGANDO :)

Ocorre que os homens de negócios, os futuros empreendedores e os bancos de investimentos seguem uma sequência lógica em suas decisões. Eles observam o país, identificam problemas e necessidades, fazem seus estudos, elaboram as soluções, identificam mercados, modelam o tipo de negócio, elaboram os projetos e decidem construir empresas e fazer negócios. Não é difícil entender que a complexidade das atividades de planejar, decidir e empreender pode ser maior ou menor dependendo do grau de certeza e de previsibilidade sobre os rumos da economia, da política, do governo e das questões sociais.

Um ambiente de estabilidade é, por si só, um grande indutor de decisões de investimentos e negócios

Publicidade
Veja também
  • A baixa taxa de investimento (editorial de 18 de abril de 2017)
  • Previdência: a falência de um modelo (editorial de 12 de abril de 2017)

No campo da economia, variáveis como previsão de crescimento do PIB, inflação, desemprego, taxa de juros, tributação, reforma trabalhista, reforma previdenciária e situação das finanças públicas são necessárias para que os planejadores e os homens de negócios possam avaliar seus projetos e a viabilidade de investimentos. No campo da política entram as previsões de variáveis como estabilidade da democracia, funcionamento das instituições, normalidade eleitoral e as expectativas sobre o futuro político em todas as esferas que dependem de governantes eleitos. Completando esse panorama entram as variáveis sociais, das quais a principal é a previsão sobre as tensões sociais derivadas do desemprego, da violência urbana e dos conflitos entre os segmentos da sociedade.

No Brasil de hoje, a vida dos planejadores e dos empreendedores está especialmente difícil, pois uma característica está presente nos três grandes campos da atividade nacional: na economia, na política e nas questões sociais, as incertezas são elevadas. Se examinadas as reformas em andamento no Congresso Nacional, a enorme crise política provocada pelas várias operações judiciais contra a corrupção – cujo símbolo maior é a Lava Jato, com seu elevado número de autoridades, burocratas, políticos e grandes empresários envolvidos – e as dificuldades na previsão sobre os rumos da economia, o grau de incerteza é bastante elevado.

Quando as incertezas atingem alto grau, o desestímulo dos empreendedores, investidores e homens de negócios é devastador. A economia é um sistema resultante de decisões de o que produzir, quanto produzir e para quem produzir, e das bilhões de operações diárias executadas por seres humanos racionais e emocionais. É por essa e outras razões que a psicologia entrou para a economia a fim de entender como as pessoas tomam decisões à luz de informações reais e percepções emocionais sobre as múltiplas situações e opções que se apresentam.

Sabendo que um ambiente de estabilidade política, estabilidade econômica e tranquilidade social é, por si só, um grande indutor de decisões de investimentos, de negócios e de empreendimentos, não é difícil entender por que o Brasil vem patinando na recuperação econômica e na melhoria das condições sociais. O custo da incerteza é bastante alto e vem em forma de baixo crescimento do PIB e alta taxa de pobreza.

Publicidade