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Depois de sete anos na condição de associada do Mercosul, a Venezuela terminou 2011 sem ver aprovado o seu pedido de ingresso como membro pleno do bloco, que é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

A entrada da Venezuela no Mercosul está emperrada no Senado paraguaio, onde as divergências em relação ao governo do polêmico presidente venezuelano, Hugo Chávez, têm se mostrado insuperáveis. Para que um país seja aceito plenamente no bloco é necessária a aprovação dos Poderes Legislativos de todos os seus membros. Os congressistas brasileiros, argentinos e uruguaios já deram seu aval à Venezuela, mas sem uma posição dos paraguaios o processo permanece paralisado.

A dificuldade do governo venezuelano de conseguir o apoio do Congresso paraguaio retrata os entraves da tão propalada integração da América do Sul.

No último encontro de líderes do Mercosul, realizado no dia 21 de dezembro 2011 em Montevidéu, o Equador apresentou seu pedido para integrar o bloco. A proposta foi recebida pelo presidente uruguaio, José Mujica, que anunciou a criação de um grupo de trabalho para definir as etapas que Quito deve cumprir visando seu pleno ingresso na organização regional. Esse grupo de trabalho deverá apresentar ao Conselho do Mercosul os resultados de suas análises no prazo de 180 dias.

Assim como no caso da Venezuela, o ingresso do Equador deverá provocar grandes embates entre parlamentares dos quatro países que hoje formam o Mercosul. O governo equatoriano integra a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), um bloco liderado por Hugo Chávez e que tem sido criticado por adotar medidas de restrições às liberdades democráticas.

Diante das dificuldades de aprovação do pedido da Venezuela no Poder Legislativo paraguaio, chegou-se a discutir no encontro de Montevidéu uma proposta de flexibilização das regras para ingresso no Mercosul. A eventual aprovação de uma nova fórmula, que dispense o aval dos congressistas, só seria possível com a modificação do acordo constitutivo do bloco e representaria um atentado à democracia.

A integração da América do Sul é desejável e imprescindível para o desenvolvimento regional. Mas a busca desse objetivo não pode desconsiderar aspectos fundamentais para o fortalecimento do bloco e os fundamentos democráticos.

Além das dificuldades de consolidação do Mercosul, os países da região abriram caminhos diversos voltados para a integração, numa demonstração de ausência de objetivos comuns.

A Comunidade Andina é um desses organismos. Como o nome sugere, essa asssociação reúne países dos Andes, como Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. No entanto, o Chile deixou o bloco em 1977 e a Venezuela em 2006. Outra organização é a Aliança Bolivariana, que rompeu as fronteiras da América do Sul e inclui países da América Central e Caribe. É essencialmente um grupo ideológico, de esquerda, composto por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Equador, Antigua e Barbuda e São Vicente e Granadinas.

Se não bastassem Alba, Mercosul e Comunidade Andina, a mais nova sigla regional chama-se Unasul – União das Nações Sul-Americanas.

Blocos com o intuito de integração não faltam. Com tantas organizações, as ações têm sido dispersas e os resultados inexpressivos. É preciso interromper a criação de "palanques" políticos, colocar a retórica em segundo plano e partir para projetos que possibilitem concretamente o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida dos sul-americanos.

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