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Será necessário um esforço concentrado do governo do Paraná, caso o estado ainda tenha a ambição de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio na área da saúde. Conforme reportagem da Gazeta do Povo publicada na quarta-feira, um recente estudo divulgado pelo Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis) mostra que 93 cidades paranaenses não vão conseguir deter a propagação do HIV, 69 municípios terão dificuldades de diminuir em dois terços o índice de mortalidade materna, e 49 não conseguirão reduzir em três quartos o índice de mortalidade infantil.

As metas na área da saúde precisam ser encaradas com mais seriedade, estabelecendo-se políticas públicas eficientes, que sejam capazes de reverter esse quadro. Trata-se de uma questão de política de Estado. Mas isso não quer dizer que se precise somente de mais investimentos de recursos públicos. É necessário o engajamento dos órgãos envolvidos em atingir a meta, buscando os melhores procedimentos. É preciso melhorar o atendimento à população e capacitar os servidores públicos. E destinar verba de publicidade para promover campanhas que mobilizem não só o setor governamental, mas a própria sociedade.

Note-se, as dificuldades em se cumprir os Objetivos do Milênio não são somente do Paraná. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) prevê que dificilmente o Brasil conseguirá reduzir o índice de mortalidade materna e as metas relativas a acesso a saneamento básico. Os estados brasileiros tem uma disparidade muito grande no desempenho das metas, mas isso não se dá simplesmente por razões de desigualdade econômicas e sociais. O fator preponderante é a mobilização que ocorre em algumas regiões. São os movimentos chamados "Nós Podemos", cuja finalidade é estabelecer parcerias entre poder público, ONGs e iniciativa privada para atuar conjuntamente. Assim, é altamente desejável estimular esses movimentos, para que mobilizem a atenção da população e de gestores públicos para o cumprimento das metas.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram elaborados no ano 2000 e contam com a adesão de 191 países. É composto de oito metas concretas, que possuem ao todo 26 indicadores. Esses objetivos surgiram da necessidade de sintetizar negociações internacionais realizadas ao longo da década de 90 e firmar compromissos que pudessem ser aferidos em um prazo razoável, que se encerra em 2015. São eles: 1) erradicação da extrema pobreza e da fome; 2) atingir o ensino básico universal; 3) promover a igualdade entre os sexos e a autonomia da mulher; 4) redução da mortalidade infantil; 5) melhorar a saúde materna; 6) combater HIV, malária e outras doenças; 7) garantir a sustentabilidade ambiental; 8) realização de uma parceria mundial para o desenvolvimento.

As dificuldades existentes não só no Paraná, mas em todo o Brasil, para cumprir os objetivos mostram uma contradição com a propaganda oficial, pela qual vive-se em uma nação que tem tido avanços "extraordinários" no campo social e um desempenho notável na melhoria da qualidade de vida da sua população. É preciso que se deixe de lado essa ilusão e que governo e sociedade trabalhem com elevado grau de comprometimento para que problemas históricos possam ser superados.

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