Um trabalhador desinfeta suprimentos em um armazém municipal em Curitiba, em 19 de junho de 2020.| Foto: DANIEL CASTELLANO / AFP
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Os números de casos confirmados do novo coronavírus já passaram de 1 milhão no Brasil, um número provavelmente subnotificado, pois a testagem de suspeitos é ainda muito baixa no País. Mesmo que se alegue que os números devam ser ponderados em razão da população total do Brasil, é inegável que os novos casos por dia deram um salto nas últimas semanas, o que gera preocupação quanto a mais um aumento de casos de Covid-19 durante o inverno, recém iniciado, quando costumeiramente as doenças respiratórias proliferam com mais facilidade.

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Por outro lado, muitos estados brasileiros estão em lockdown, total ou parcial, ou com parcela importante da população em isolamento voluntário. Há cerca de dois meses e meio, empresas e trabalhadores enfrentam toda a sorte de dificuldades financeiras, quando não fechamentos, falências e desemprego. O quadro é seríssimo, não pode ser minimizado e requer contínua atenção. O Governo Federal tem contribuído com auxílios emergenciais, mas os fundos que o Estado dispõe para isso também têm um limite, tanto mais com a economia semi-parada, em que a arrecadação está sensivelmente afetada.

É nessa situação paradoxal que se encontram os gestores públicos brasileiros de hoje. Espremidos contra a parede, muitos se perguntam, quando será possível voltar à normalidade? Que medidas terão de ser tomadas para isso?

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Nessa semana, algumas notícias trouxeram esperança de que será possível chegar ao final total da pandemia antes do que se imaginava. A OMS declarou que uma vacina pode ficar pronta ainda neste ano, estando pronta para uso já em janeiro de 2021. Por outro lado, a Ridgeback Therapeutics afirmou ter desenvolvido um medicamento que controla o vírus nas fases iniciais da doença, impedindo o agravamento. O novo remédio já entrará na fase de testes para humanos.

Contudo esse é um cenário ainda em desenvolvimento, que pode sofrer reviravoltas. Enquanto a solução definitiva não chega, teremos de conviver com o vírus por um tempo, na expectativa de que a curva de contágio chegue ao pico, baixe, e consigamos, então, mantê-lo baixo. É a situação em que se encontra a Europa atualmente, em que há uma retomada gradativa da economia, inclusive das escolas.

É relevante a retomada das aulas presenciais. Ela pode ser considerada um termômetro do retorno à normalidade. Embora as crianças se mostrem na maior parte dos casos assintomáticas ou com sintomas leves, não é possível descartar que elas representem um possível foco de contágio nas cidades. Por isso há muito receio em reabrir as escolas.

Entretanto, seguindo mais ou menos o caso europeu, é possível imaginar uma retomada das escolas no início da primavera. E é nesse contexto que o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) preparou um protocolo para o retorno das atividades presenciais.

Serão várias as adequações que as escolas terão de fazer a nível sanitário: o número de alunos por sala deverá respeitar as distâncias de segurança; atividades em grupo serão canceladas; haverá revezamento de horário para as turmas em relação a entrada, saída, recreação e demais deslocamentos coletivos; controle de temperatura; utilização de máscaras; aumento das rotinas de higiene; desativação de bebedouros com disparo para a boca; a lista é bastante extensa e pode ser consultada diretamente no site do Consed.

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As medidas a serem implementadas nas escolas - um local com alto potencial de contágio - exigirão bastante esforço da sociedade e deveriam ser analisadas com cuidado e prudência por prefeitos e governadores. Como cada município se encontra em fases diferentes da pandemia, o difícil caminho para o retorno à normalidade precisa seguir protocolos que garantam um bom nível de segurança para todos, sobretudo neste momento em que os gestores públicos estão com a difícil missão de equilibrar a economia e a saúde.