• Carregando...

O desafio grandioso do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois da apoteótica festa de posse, é transformar promessas em realidade, no cenário interno e mundial, em um mundo conturbado pela crise econômica e marcado por conflitos latentes e explosivos em vários continentes, especialmente no Oriente Médio. Perto desses desafios, o orgulho ferido norte-americano, pelas circunstâncias da crise e os efeitos negativos da era Bush, é o menos grave. Pode-se ver, nas ruas de Washington e no resto do país, que o carisma de Obama é algo tão forte que só se viu, na história moderna daquele país, na figura mítica do presidente John Fitzgerald Kennedy. E o povo, especialmente o mais simples, deposita toda a confiança nele.

Foram muitos precisos os caminhos apontados por Obama em seu discurso de posse. O novo presidente disse claramente que o sistema financeiro precisa de uma nova regulação e sua equipe já está trabalhando nisso. Ele não escondeu que o momento é difícil e que medidas duras serão tomadas para que a situação do país seja mudada e, dessa forma, possa abrir caminho para uma nova recuperação mundial.

Outro ponto de destaque de seu pronunciamento foi a mudança de linha no quesito segurança nacional. Afirmou Obama que "o nosso poder cresce pelo seu uso prudente" – mostrando claramente sua oposição ao que fez Bush nos seus oito anos de governo. Tanto que a primeira medida de destaque de seu governo, nesta área, foi determinar ao juiz militar Patrick Parrish que suspendesse, por 120 dias, os julgamentos dos suspeitos de terrorismo presos na base naval de Guantánamo.

A respeito da questão racial, Barack Obama foi enfático em destacar a necessidade de conciliação e de superação da segregação. Pela sua própria origem social e condição racial, não tem alternativa a não ser superar essas questões. Disse ele, com toda a clareza: "Sabemos que nossa herança multicultural é uma força, não uma fraqueza. Somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus - e ateus. Somos moldados por cada língua e cultura, de cada parte desta terra; e por causa disso provamos o sabor mais amargo da guerra civil e da segregação e emergimos desse capítulo mais fortes e mais unidos; não podemos senão acreditar que os velhos ódios passarão um dia; que as linhas das tribos vão se dissolver rapidamente; que o mundo ficará menor, nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América vai desempenhar o seu papel em uma nova era de paz."

No mais importante de tudo, entretanto, em que disse, figuram os conceitos que vão balizar a transformação das promessas em realidade: "Nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com os quais nós os enfrentamos podem ser novos. Mas aqueles valores dos quais nosso sucesso depende – trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – essas coisas são antigas. Essas coisas são verdadeiras. Elas têm sido a força quieta do progresso ao longo de nossa história. O que se exige, então, é uma volta a essas verdades. O que se exige de nós agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, por parte de todo americano, de que nós temos deveres para conosco, nossa nação e o mundo; deveres que nós não aceitamos a contragosto, mas com alegria, firmes no conhecimento de que não há nada tão satisfatório para o espírito, tão definidor de nosso caráter, do que dar tudo o que podemos numa tarefa difícil."

Este é o preço e a promessa da cidadania – concluiu. Nos Estados Unidos e em todo o planeta. Todos esperam que Obama faça disso a nova realidade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]