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Parece inconcebível que, em pleno século 21, alguns municípios paranaenses, mesmo sendo poucos, estejam relegados ao esquecimento por parte da administração estadual. Mas é pura realidade, como mostrou reportagem da Gazeta do Povo publicada nesta semana. Segundo colocado no ranking dos estados com maior índice de desenvolvimento do país (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), o Paraná, por incrível que pareça, ainda possui quatro municípios praticamente "isolados" no mapa, por falta de estradas asfaltadas.

São eles: Doutor Ulysses (região metropolitana de Curitiba), Coronel Domingos Soares (Centro-Sul), Guaraqueçaba (litoral) e Mato Rico (Centro-Sul). Não possuem qualquer tipo de ligação por estrada pavimentada com o restante do estado. Seguem com seu cotidiano, mas como se fossem regiões assombradas. Os 26 mil habitantes desses pequenos municípios foram condenados a não compartilhar do desenvolvimento que beneficia os demais paranaenses. Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Crea-PR, entidade que fez uma radiografia das ligações rodoviárias do estado, resume o efeito desse abandono: "Não há dúvida de que há ligação entre o desenvolvimento e a existência de rodovia asfaltada. (...) Não adianta o interesse de outros centros consumidores se você não tiver uma rodovia para escoar".

O Estado não cumpriu o seu dever constitucional ao não prover esses municípios com infraestrutura básica. É uma situação vergonhosa e humilhante para os moradores desses municípios, pela incompetência e pela falta de planejamento governamental.

Quanta demagogia foi dita nesses últimos anos a favor dos "mais humildes", dos "pequenos municípios", especialmente nos governos de Roberto Requião e Orlando Pessuti. Quantas vezes os paranaenses ouviram que as obras e os programas do governo iriam priorizar regiões menos desenvolvidas? Entretanto, obras fundamentais como essas não foram executadas.

O governo teve papel fundamental no redirecionamento da economia, quando se esgotaram os diversos ciclos econômicos. Os maiores exemplos foram as mudanças econômicas que deram novos alentos ao estado, diante do esgotamento do extrativismo madeireiro e dos riscos da monocultura do café. Com isso, o Paraná conseguiu crescer e acompanhar o desenvolvimento nacional.

Mesmo em anos mais recentes, o governo foi fundamental para criar um novo ambiente industrial no estado, concedendo amplos incentivos fiscais a montadoras internacionais, que possibilitaram a criação de um grande polo automobilístico na região metropolitana de Curitiba. Políticas públicas como essa fizeram com que o desenvolvimento chegasse a diversas regiões do estado. Mas os investimentos ainda estão concentrados nos grandes centros, principalmente na região de Curitiba.

Nesse e em outros casos de incentivo à industrialização e ao desenvolvimento regional, o governo deu toda a infraestrutura possível para que as novas empresas se instalassem. Especialmente estradas asfaltadas, acessos a distritos industriais ou tecnológicos. Assim colheu, ao longo do tempo, novos empregos e riquezas para os municípios e suas populações. Ou seja, o Estado, nessas ações, cumpriu o seu dever.

Políticas para desenvolvimento, ou industrialização, precisam ser descentralizadas. Não podemos aceitar conviver com um certo w social, com parte de nossa população vivendo de forma isolada e sem perspectiva de crescimento na região onde nasceram, ou vivem. São cidades que tendem a desaparecer, se nenhum incentivo para seu crescimento for dado, porque seus moradores, em busca de melhores oportunidades, serão obrigados a migrar.

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