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Foi oportuna a colocação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, na exposição agropecuária de Londrina, ao eleger a defesa sanitária como prioridade de sua gestão, para evitar que doenças do gado – como a aftosa – continuem a roubar mercados externos e desorganizar a agropecuária brasileira. A gravidade do problema pôde ser aferida no mesmo dia, com o fechamento de mais um frigorífico em Maringá, deixando 800 desempregados e reflexos negativos continuados na economia regional.

De fato, o sindicato industrial da área calcula em 400 milhões de dólares as perdas do Paraná na exportação de carne bovina em decorrência do surto de aftosa que, começando no Mato Grosso do Sul, se irradiou por outras regiões produtoras. É que os mercados consumidores mais importantes – entre eles, Rússia e União Européia – ainda não reabriram cotas para os fornecedores paranaenses, e o Japão quer confirmar se temos um programa que dê segurança de longo prazo na sanidade animal.

Se as perdas do Paraná montam a 800 milhões de reais (e as do Brasil devem ser duplicadas), o ministro da Agricultura calcula que com 10% desse montante, cerca de 80 milhões de reais, é possível montar um programa sério de vigilância na fronteira desde o Paraná até Rondônia. De fato, tivesse o governo federal agido preventivamente, o gado contaminado em países vizinhos não teria sido contrabandeado por lavradores assentados na divisa do Mato Grosso do Sul; evitando perdas significativas em dinheiro e credibilidade internacional.

O ministro Stephanes vai além e quer incluir os países vizinhos no Mercosul, dentro do esforço sul-americano de defesa sanitária. A diretriz é válida porque qualquer registro de foco de doença no gado na região aciona um sinal de alarme nos organismos internacionais de controle, como a Organização Internacional de Saúde Animal, encarregada de certificar em última instância as condições dos países produtores.

A reestruturação prevê ainda melhoria no sistema de rastreamento bovino chamado Sisbov, para torná-lo mais rigoroso, corrigindo falhas apontadas por técnicos dos países importadores. Com esse serviço um animal tem ficha de acompanhamento desde o nascimento até o abate – garantindo a qualidade de sua carne antes mesmo da chegada ao frigorífico.

Mas o novo ministro da Agricultura pretende ir além em sua atuação, que neste primeiro ano deverá ter o benefício de uma safra que caminha para o recorde de 130 milhões de toneladas de grãos. Ele anunciou prioridade para resgatar a solvência das propriedades de porte médio, através de apoio técnico para aumento da produtividade, gestão do endividamento e suporte na comercialização. Stephanes tem razão, porque o agronegócio caminha sozinho (desde que políticas gerais, como a cambial, não atrapalhem) e a agricultura familiar já conta com vários programas. E também porque mais produtividade evitará o desmatamento, assegurando uma agricultura sustentável por parte do Brasil.

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