| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A recessão econômica – cuja marca essencial é a queda do Produto Interno Bruto (PIB) – é sempre um problema em si mesma, porquanto significa menor PIB por habitante e, por consequência, menor padrão de consumo médio. A gravidade se torna maior quando é levada em consideração a depreciação do chamado “estoque de capital nacional”, ou seja, o desgaste físico de todos os bens de capital, tais como: rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, usinas de energia, sistema de telecomunicações, fábricas, máquinas, equipamentos, prédios e todo tipo de instrumento de produção.

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No caso dos países em que a população cresce regularmente, a soma de queda no PIB com a depreciação do capital nacional e o crescimento do número de habitantes transforma a recessão em causa de empobrecimento acelerado, cujo resultado é a piora sensível do bem-estar social médio. Esse é o caso do Brasil.

A queda do PIB nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi de 7,4% e a população cresceu, nesse período, 4,8 milhões de habitantes, resultando num desemprego de 14,2 milhões de trabalhadores, equivalente a 13,8% das pessoas em condições de trabalhar. Com isso, o padrão de vida da população caiu, praticamente anulando a melhoria na distribuição de renda ocorrida nos últimos governos, situação que faz a prioridade mais premente ser a retomada do crescimento econômico a uma taxa capaz de reduzir o desemprego, melhorar o padrão médio de bem-estar e evitar que o Brasil chegue ao fim da segunda década deste século com renda por habitante igual ao que era em 2010.

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A recuperação depende de fatores econômicos e de condições políticas que o Brasil, atualmente, não está conseguindo apresentar. No início do ano havia certo otimismo em relação ao crescimento do PIB em 2017, com alguns analistas chegando a prever que poderia ser de até 1,5% em relação ao ano anterior. As estimativas foram sendo revistas pelo mercado e pelo governo, com as últimas pesquisas feitas pelo Banco Central (BC) informando que a taxa de crescimento de 2017 não passará de 0,4%, ou seja, metade da taxa de aumento da população no ano. Nesse sentido, a renda por habitante continuará caindo e terminará o próximo mês de dezembro menor do que era no fim de 2016. Entre as causas do pessimismo estão a interminável crise política, a gigantesca rede de corrupção envolvendo políticos e dirigentes estatais e a falência financeira do setor público.

Apesar de alguns avanços – como a reforma trabalhista, a emenda constitucional limitando os gastos do governo, a liberação da Petrobras da obrigação de investir em todos os projetos de exploração do pré-sal –, as finanças públicas estão desequilibradas nos municípios, nos Estados e na União, o que provoca elevação da dívida pública e redução dos investimentos do governo, fatores esses que contribuem para a estagnação do PIB e a lenta recuperação. Todo esse panorama desestimula os investidores estrangeiros e inibe os investidores nacionais em face das incertezas e da desconfiança.

Assim, a primeira condição para melhorar o ambiente econômico é a solução da crise política, especialmente no âmbito do governo federal, coisa que somente parece ser viável com as eleições estaduais e federais do fim do ano que vem. O preço que o país vem pagando pelos problemas políticos e a crise econômica é o empobrecimento visível da população. O lento crescimento do PIB é apenas um aspecto da grave crise, embora seja o principal fator a dificultar a melhoria da renda nacional e, por consequência, o aumento da renda por pessoa.