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É preciso que a nova presidência cumpra aquilo que até o momento os vereadores de Curitiba tinham se negado a fazer

As medidas anunciadas pelo presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Luiz Cordeiro (PSDB), com o objetivo de fazer um "pente-fino" nos contratos da gestão anterior e de trazer mais transparência à Casa são saudáveis para o resgate da combalida imagem do Poder Legislativo da capital. Quando tomou posse, Cordeiro se comprometeu com a realização de uma transformação na Casa, abalada pelas evidências de irregularidades cometidas pela antiga direção. Um compromisso que a sociedade curitibana espera ver cumprido em seu inteiro teor. Providências, aliás, aguardadas há nove meses e que os vereadores vinham literalmente empurrando com a barriga, sem nenhuma medida concreta para o esclarecimento das denúncias envolvendo o então presidente, João Cláudio Derosso, e a empresa de sua esposa em torno de contratos de publicidade que batem à casa dos milhões.

Como João Cordeiro deve permanecer no cargo até fevereiro de 2013, ele terá cerca de dez meses para realizar as tarefas saneadoras esperadas. Pode até parecer que o período é curto, mas não é. As mudanças, de ordem administrativa, não requerem uma grande reestruturação da Câmara. Até certo ponto são iniciativas simples, mas que precisam de vontade política e desejo de romper com as velhas práticas que dominaram o Legislativo curitibano nos últimos anos.

Algumas ações já começaram a ser tomadas. A primeira delas a substituição do diretor-geral da Casa. José Domingos, que ocupava a diretoria havia nove anos, foi exonerado e em seu lugar foi nomeado o servidor de carreira da prefeitura Vinicios José Bório. A segunda ação começou ontem, com o recadastramento dos servidores da Câmara para se ter um panorama do quadro de pessoal. Após a conclusão do levantamento, que deve terminar até metade de maio, medidas mais incisivas estão previstas, como a demissão do excesso de comissionados, providência que já foi recomendado pelo Ministério Público estadual, no final de fevereiro.

São medidas bem-vindas que se espera se somem a outras igualmente importantes. Entretanto, é preciso frisar que os novos tempos anunciados para a Câmara de Curitiba não podem se restringir ao "daqui para frente". É preciso que a nova presidência cumpra aquilo que até o momento os vereadores tinham se negado a fazer, ou seja, realizar um minucioso pente-fino na longa gestão de Derosso, analisando e revendo contratos, procedimentos, mudando a cultura patrimonialista que estava vigente.

As denúncias contra o ex-presidente tucano são muito graves para que sejam ignoradas ou caiam no esquecimento. No processo de tornar o Legislativo mais transparente,

passar a limpo a antiga administração é condição sine qua non, sob pena de o trabalho ficar pela metade, com a falta de respostas aos desmandos cometidos.

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